China ameaça sanções contra Austrália por investigação sobre coronavírus

Sydney tem pressionado por "investigação independente" sobre papel da China na contenção da pandemia

O embaixador chinês na Austrália anunciou neste domingo (26) que pode haver consequências caso Sydney insista nos planos de investigação da conduta de Beijing durante os primeiros momentos da crise do coronavírus.

Ao “Australian Financial Review“, o embaixador chinês teria classificado como “perigosa” a insistência do primeiro-ministro Scott Morrison pela investigação.

Entre as medidas chinesas estão o boicote a produtos e exportações australianas, segundo o embaixador chinês Cheng Jingye. Estudantes e turistas também poderiam ignorar o país, afirmou. “Cabe às pessoas decidirem. Talvez as pessoas comuns digam ‘por quê beber vinho ou comer carne australiana?’.”

China ameaça sanções contra Austrália por investigação sobre coronavírus
Chinatown em Sydney, na Austrália (Foto: James Cridland/Creative Commons)

A ministra australiana Marise Payne, das Relações Exteriores, acusou a China de “coerção econômica” em entrevista nesta segunda, também ao AFR.

“A Austrália fez um chamado, com princípios, por uma revisão independente do surto de Covid-19. Rejeitamos qualquer sugestão de que coerção econômica é uma resposta adequada a esse chamado, quando o que precisamos é cooperação global”, afirmou Payne.

Relações bilaterais

Os chineses são o principal parceiro comercial de Sydney: em 2018, foram exportados US$ 89 bilhões para a China. Os dados são do Departamento de Assuntos Exteriores e Comércio australiano. A “Bloomberg” definiu a Austrália como a “economia desenvolvida mais dependente da China”.

A China rejeita a campanha do governo australiano para uma investigação global sobre a condução do surto, que começou na cidade chinesa de Wuhan em janeiro deste ano. Essa pesquisa seria independente da OMS (Organização Mundial de Saúde).

De acordo com o “The Sydney Morning Herald“, o representante diplomático chinês também teria se recusado a confirmar que o patógeno se originou em um mercado de animais de Wuhan. Isso seria “um sinal de que Beijing tem reforçado sua campanha de propaganda sobre a origem do vírus”.

Segundo o site americano “The Hill”, o pedido australiano ecoa as críticas dos EUA de que o governo chinês demorou a comunicar ao resto do mundo a respeito do potencial de contágio do vírus.

Em Beijing, o jornal “Diário do Povo”, conhecido por refletir a visão do Partido Comunista Chinês, publicou um artigo de opinião em que acusa o governo australiano de criar uma manobra diversionista para desviar o foco de problemas locais, como o desemprego e as queimadas florestais.

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