China critica medida que proibiria seus cidadãos de comprar terras nos EUA

Estados como Texas, Flórida e Arkansas alegam questões de segurança nacional para impedir que chineses aquiram propriedades

O Ministério das Relações Exteriores da China acusou os Estados Unidos nesta sexta-feira (10) de violação dos princípios da economia de mercado e das regras do comércio internacional ao cogitar proibir que cidadãos chineses comprem terras em algumas partes do país. A declaração foi dada pela porta-voz do órgão governamental, Mao Ning, durante coletiva de imprensa em Beijing, à medida que as tensões com Washington crescem. As informações são da agência Reuters.

O comentário veio após Mao ser questionada pelos repórteres sobre qual seria a resposta da China diante do fato de que vários Estados dos EUA, incluindo Texas, Flórida e Arkansas, estão considerando impor uma legislação para restringir a propriedade estrangeira, sob a justificativa de questões de segurança nacional

“Generalizar o conceito de segurança nacional e politizar questões econômicas, comerciais e de investimento viola as regras da economia de mercado e as regras do comércio internacional”, disse ela.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning (Foto: Ministry of Foreign Affairs of the People’s Republic of China/Divulgação)

Segundo a porta-voz, “estender demais” o conceito de segurança nacional e politizar questões econômicas, comerciais e de investimento vai contra os princípios da economia de mercado e das regras de comércio internacional, o que enfraquece a confiança internacional no ambiente de mercado dos EUA.

“Quero enfatizar que a cooperação econômica e comercial Beijing e Washington é mutuamente benéfica por natureza. Ao longo dos anos, as empresas chinesas investiram nos EUA e fizeram importantes contribuições para promover o emprego doméstico e o desenvolvimento econômico norte-americano”, disse Mao.

A medida ocorre quando os Estados Unidos propõem medidas de retaliação depois que um balão espião chinês foi abatido por um caça F-22 na costa da Carolina do Sul após entrar no espaço aéreo dos EUA. A China alegou que se tratava de um balão de pesquisa meteorológica “rebelde”, ou seja, que desviou de forma “completamente acidental” para o espaço aéreo norte-americano.

A China condenou a medida como “uma óbvia reação exagerada e uma grave violação da prática internacional”, agravando as tensões políticas que fizeram o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, adiar uma visita à nação asiática.

Não somente os chineses

Os cidadãos chineses podem não ser os únicos afetados por tais movimentos. Uma legislação proposta em novembro de 2022 pela senadora republicana Lois Kolkhorst, do Estado do Texas, também “impediria que russos, iranianos e norte-coreanos possuíssem imóveis”, de acordo com reportagem da rede NDTV.

“Uma das principais preocupações de muitos texanos é a segurança nacional e a crescente propriedade das terras do Texas por certas entidades estrangeiras adversárias”, disse Kolkhorst.

À frente do Executivo texano, o governador Greg Abbott, também republicano e um forte defensor de políticas de imigração mais duras, já sinalizou que a proposta será assinada caso seja aprovada no Senado estadual.

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