O exército chinês está em “alerta máximo” no Mar da China Meridional, à medida que patrulhas dos EUA e Filipinas se aproximam do fim de atividades conjuntas de três dias nesta quinta-feira (23), de acordo com a mídia estatal chinesa.
A fragata Yuncheng, do Comando do Teatro Sul do Exército de Libertação Popular (ELP), realizou patrulhas “de rotina” desde terça-feira, em resposta a atividades filipinas que, segundo um porta-voz do comando, ocorreram fora da sua região e provocaram problemas, conforme relatado pelo Global Times.
Segundo o veículo, as forças estão “em alerta máximo para proteger a soberania nacional, a segurança e os interesses marítimos”.
Essa medida, segundo um porta-voz, “provoca problemas, exacerba a situação, mina a paz e a estabilidade regionais, e viola o espírito da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China”.
Nesse cenário, Washington e Manila seguem a coordenar patrulhas conjuntas aéreas e marítimas nas águas disputadas do Mar da China Meridional, consolidando a cooperação entre os dois aliados.
As operações entre as forças dos EUA e Filipinas foram anunciadas como uma “prova do compromisso em fortalecer a interoperabilidade militar” poucos dias após o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., descrever a situação no Mar da China Meridional como cada vez mais “terrível” durante agenda em Honolulu, no Havaí.
A China declarou na quarta-feira (22) que as patrulhas marítimas e aéreas conjuntas entre Filipinas e EUA no Mar da China Meridional “não deveriam prejudicar” sua soberania territorial e direitos marítimos. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, enfatizou a importância de evitar impactos negativos sobre a soberania e interesses marítimos do país.
A 7ª Frota dos EUA afirmou que as patrulhas constituem uma parte habitual da interação com seus aliados e parceiros, visando a “preservação de uma região Indo-Pacífico livre e aberta”.
Grande parte do foco no Mar da China Meridional na última década centrou-se nas disputas territoriais entre a China e os reclamantes do Sudeste Asiático, Filipinas, Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan. Bem como em uma disputa geopolítica entre a China e os Estados Unidos sobre a liberdade de navegação nas águas contestadas.
Os chineses ampliaram as reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional, erguendo bases insulares em atóis de coral há quase dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.
Por que isso importa?
Na última década, o Mar da China Meridional tem sido palco de inúmeras disputas territoriais entre a China e outros reclamantes do Sudeste Asiático, bem como de uma disputa geopolítica com os Estados Unidos quanto à liberdade de navegação nas águas contestadas.
Os chineses ampliaram suas reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional e ali ergueram bases insulares em atóis de coral ao longo dos últimos dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.
Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para realizar patrulhas, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas internacionais e no espaço aéreo.
Segundo John C. Aquilino, almirante da Marinha dos Estados Unidos e chefe do Comando Indo-Pacífico, a razão da presença de Washington na região é “prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo”.
Já a atuação de Beijing, de acordo com o almirante, é preocupante. “Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China”, afirmou. “Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região”.