China recorre à censura após hacker roubar dados de um bilhão de cidadãos

Maior violação de dados da história pode ter deixado 70% da população da China potencialmente exposta

Um hacker anunciou recentemente o roubo de 23 terabytes (TB) de dados contendo informações pessoais de 1 bilhão de cidadãos chineses, que ele alega ter obtido ao atacar os sistemas da polícia de Xangai. Segundo especialistas em tecnologia, é a maior violação de dados da história. As informações são da rede Euronews.

As notícias sobre o crime digital começaram a vazar na última quinta-feira (30), após um usuário anônimo, identificado como “ChinaDan”, ter usado um fórum online de hackers para colocar à venda todo o banco de dados pelo valor de dez bitcoins, o que ultrapassa um milhão de reais. As informações incluem nomes, idades, locais de nascimento, endereços, números de celular e registros de identidade.

Diante da situação, o governo chinês está se esforçando para jogar uma cortina de fumaça sobre o incidente, impedindo as vítimas de tomarem conhecimento de que seus dados pessoais estão expostos. Os censores passaram a bloquear, por exemplo, pesquisas de palavras-chave para “vazamento de dados de Xangai”.

Ação de hacker na China pode ter sido a maior violação de dados da história (Foto: Clint Patterson/Unplash)

De acordo com Chester Wisniewski, cientista de pesquisa da empresa de segurança cibernética Sophos, a invasão representa um duro golpe para Beijing, sendo “potencialmente incrivelmente embaraçosa”. Ele observou, ainda, que “o dano político provavelmente superaria o dano real causado às pessoas cujos dados vazaram”.

Isso porque, de acordo com especialistas ouvidos pela revista Fortune, a quantidade de dados que a China coleta sobre sua população é enorme, já que o país possui o maior e mais sofisticado sistema de vigilância do mundo. Os dados são coletados por meio de tecnologia de reconhecimento facial, rastreadores de telefone e scanners de íris, criando perfis individuais para cada um dos 1,4 bilhão de cidadãos chineses.

Ou seja, se o vazamento realmente contém registros de 1 bilhão de pessoas, 70% da população da nação asiática está potencialmente exposta. Segundo a rede CNN, o banco de dados esteve acessível publicamente no ano passado na dark web.

O cibercrime ocorre justamente num momento em que a China havia prometido melhorar a proteção da privacidade de dados de usuários online, segundo a agência Reuters. Após receber inúmeras reclamações da população sobre má gestão e uso indevido, o governo instruiu as gigantes do setor tecnológico a garantirem um armazenamento mais seguro.

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