China vem intensificando a preparação militar para invadir Taiwan, alerta almirante dos EUA

Manobras chinesas envolvem centenas de embarcações e aeronaves em simulação de ataque, segundo comando do Indo-Pacífico

A China está conduzindo manobras militares que não são meros exercícios, mas “ensaios” para uma eventual unificação forçada de Taiwan ao continente, afirmou o almirante Sam Paparo, chefe do Comando Indo-Pacífico das Forças Armadas dos EUA. O alerta foi dado durante o Fórum de Defesa de Honolulu, onde o militar descreveu o avanço acelerado das operações chinesas na região, conforme relato do site Defense One.

Segundo Paparo, só neste mês a China enviou vários balões espiões, embarcações navais e aeronaves militares ao redor de Taiwan, consolidando uma estratégia cada vez mais agressiva. “As manobras agressivas em torno de Taiwan agora não são exercícios, como eles chamam. São ensaios”, afirmou.

O crescimento das operações militares chinesas tem sido exponencial. Em 2021, o exército chinês realizava exercícios de verão com apenas uma brigada. No ano seguinte, subiu para seis. No verão de 2024, a mobilização atingiu 42 brigadas, envolvendo ainda 150 navios da marinha e 200 embarcações de assalto anfíbio, que treinaram atravessar obstáculos e operar em ambiente urbano.

Xi Jinping e o Exército de Libertação Popular da China (Foto: x.com/ChinaBugle/divulgação)

Para Paparo, esse ritmo acelerado de preparação não apenas aprimora a capacidade chinesa, mas também amplia o risco de que um “exercício” possa mascarar intenções reais de invasão. Ele sugeriu que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta essencial para identificar sinais precoces de tal mudança de intenção.

O militar destacou ainda as fragilidades na preparação militar dos EUA. Manutenções atrasadas, estoques reduzidos de munições e equipamentos obsoletos representam desafios críticos. Apesar disso, ele ressaltou que o país ainda possui “vantagens de guerra” em áreas como espaço, contraespaço e cibersegurança, além de manter uma “vantagem geracional” em submarinos.

Segundo ele, porém, faz-se necessária uma mudança rápida nos processos de aquisição do Pentágono. “A tecnologia sozinha não vai vencer essa luta”, afirmou, defendendo que o sistema de compras militares precisa agir “na velocidade do combate, não na velocidade dos comitês”.

Tríplice aliança inimiga

Outro fator de preocupação é a colaboração crescente entre China, Rússia e Coreia do Norte, que o almirante classificou como um “triângulo de encrenqueiros”. Ele destacou que os três países têm coordenado patrulhas conjuntas de bombardeiros que adentram a zona de identificação de defesa aérea dos EUA, além de compartilharem capacidades antissatélite e avanços em tecnologias submarinas.

Contra tal ameaça, uma estratégia mencionada pelo almirante para reforçar a defesa de Taiwan é o uso de enxames de sistemas não tripulados por terra, mar e ar para sobrecarregar as forças adversárias e garantir superioridade estratégica, mesmo que russos e norte-coreanos venham a apoiar beijing. “A ideia não é substituir tropas, mas dar aos combatentes a vantagem que merecem”, explicou.

Paparo enfatizou que a tecnologia para implementar essa estratégia já existe e que os conceitos já foram testados com sucesso. O maior desafio, segundo ele, é integrar e ampliar essa capacidade em escala operacional.

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