China intensifica preparativos militares e prioriza Taiwan, aponta relatório de segurança dos EUA

Washington ressalta modernização militar acelerada do rival e reforça alerta sobre ambições de unificação com a ilha até 2049

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos divulgou um relatório detalhando os avanços militares e estratégicos da China e alertando sobre as implicações globais das ambições de Beijing para alcançar a unificação com Taiwan e consolidar sua posição como principal potência mundial até 2049. O documento descreve o objetivo de “rejuvenescimento nacional” como central na política do Partido Comunista Chinês (PCC), liderado por Xi Jinping, que integra avanços tecnológicos, econômicos e militares em uma abordagem coordenada.

Segundo o relatório, o Exército de Libertação Popular (ELP) está sendo transformado em uma força de combate moderna capaz de “lutar e vencer guerras” contra adversários de peso. Essa modernização inclui a ampliação de suas capacidades nucleares, o desenvolvimento de armas hipersônicas e o fortalecimento da Marinha, que já é a maior do mundo em número de embarcações. Beijing também investe fortemente na integração de inteligência artificial e sistemas de guerra cibernética, alinhando-se ao conceito de “guerra informatizada e inteligente“.

O relatório destaca que a China vê Taiwan como uma peça indispensável de sua estratégia e caracteriza a unificação como uma “exigência natural” para alcançar o rejuvenescimento nacional. O Departamento de Defesa dos EUA cita o papel da liderança de Xi Jinping, que afirmou que a China deve estar preparada para enfrentar cenários de conflito em torno da ilha.

Xi Jinping e as Forças Armadas da China: investimento crescente (Foto: Gov. Hong Kong/divulgação)

“Como a liderança da RPC (República Popular da China) vê uma China dividida como uma China fraca, eles argumentam que a ‘reunificação total’ — incluindo a resolução da ‘questão de Taiwan’ até 2049 e a solidificação da ‘jurisdição geral’ da RPC sobre Hong Kong — é uma das condições fundamentais para o rejuvenescimento nacional”, alerta o relatório.

Além disso, o texto ressalta o aumento da agressividade chinesa na região do Mar da China Meridional, com manobras coercitivas, como o uso de canhões de água contra embarcações das Filipinas e a instalação de equipamentos militares em ilhas disputadas. As ações de Beijing, segundo os autores do relatório, fazem parte de uma estratégia maior para “revisar a ordem internacional” e criar um ambiente global mais favorável ao sistema de governo chinês.

O relatório também explora a visão estratégica de Beijing sobre sua competição com os Estados Unidos, afirmando que os líderes chineses acreditam que o confronto entre os dois países reflete um choque de sistemas ideológicos.

“Os líderes da RPC acreditam que mudanças estruturais no sistema internacional e os Estados Unidos cada vez mais confrontacionais são as causas raiz da intensificação da competição estratégica entre a RPC e os Estados Unidos”, afirma o documento.

Internamente, o PCC prioriza questões de segurança alimentar e energética, além de esforços para reduzir a dependência de cadeias de suprimentos ocidentais. Esses pontos foram elevados a prioridades estratégicas após crises globais e choques climáticos recentes. O relatório ressalta que essa abordagem busca garantir que a China mantenha resiliência diante das pressões externas e avance rumo a seus objetivos de autossuficiência.

Apesar da grandiosidade de seus planos, Beijing enfrenta desafios. O relatório menciona tensões econômicas internas e uma crescente desconfiança internacional em relação ao país. Pesquisas recentes indicam que 67% das pessoas entrevistadas em mais de 20 países têm uma visão negativa da China, o que reflete o impacto de sua postura assertiva em questões como direitos humanos e disputas territoriais.

Para os analistas americanos, a estratégia da China no longo prazo pode remodelar o equilíbrio global de poder. Segundo eles, com essas ambições claras, o mundo observa como Beijing colocará em prática suas metas até o simbólico ano de 2049.

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