Novas imagens de satélite apontam que a Coreia do Norte está expandindo um de seus portos mais estratégicos, o que pode reforçar a capacidade do regime de Kim Jong-un para importar petróleo e fortalecer sua infraestrutura naval. A análise foi feita pelo programa 38 North, do think tank Stimson Center, com informações reproduzidas pela revista Newsweek.
Localizado na costa oeste do país, Nampho é um ponto crucial para o comércio norte-coreano, servindo como porta de entrada para mercadorias vindas da China e de outras partes da Ásia. Além de movimentar combustíveis fósseis e produtos comerciais, o local abriga instalações para a construção e reparo de embarcações, incluindo navios de guerra.
As imagens capturadas pelo satélite Airbus Defense and Space revelam avanços na infraestrutura do porto pouco depois de a emissora estatal Korean Central Television divulgar fotos que confirmam a construção do maior navio já produzido pelo regime norte-coreano.
Entre as novas estruturas identificadas, destaca-se um galpão de construção naval, cuja cobertura foi concluída em novembro. O 38 North também apontou progressos em vários prédios próximos, embora suas funções exatas ainda sejam desconhecidas.

A expansão inclui novos píeres que aumentam a capacidade de atracação e quatro tanques já finalizados para armazenar petróleo, óleo e lubrificantes. Outros dois tanques parecem estar em fase inicial de construção. Além disso, um antigo espaço protegido para embarcações foi praticamente preenchido, liberando área para novos desenvolvimentos.
Comparado a registros anteriores, a movimentação no terminal de contêineres de Nampho está mais intensa, indicando um possível aumento nas operações comerciais.
Nos últimos anos, Pyongyang tem enfatizado a modernização da indústria naval, alinhada ao fortalecimento de sua frota marítima. Para analistas, entretanto, o investimento é questionável.
“Embora a necessidade de modernização seja evidente, o investimento em grandes navios de combate é questionável, já que a Coreia do Norte não demonstra ambição de projetar poder naval ou desenvolver uma capacidade de mar aberto”, avaliou Joseph Dempsey, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em janeiro.
A ampliação do porto pode facilitar a entrada de combustíveis no país, desafiando as restrições impostas pela ONU (Organização das Nações Unidas) para conter o programa nuclear norte-coreano. Estimativas do antigo painel de especialistas da ONU apontam que, em 2023, a Coreia do Norte importou três vezes mais do que o limite de 500 mil barris anuais de petróleo refinado estabelecido pelas sanções.