Coreia do Norte diz que simulou ataques nucleares e ocupação da Coreia do Sul

Pyongyang relatou que seus recentes lançamentos de mísseis simularam ofensivas nucleares devastadoras contra os rivais do Sul

Nesta quinta-feira (31), a Coreia do Norte anunciou que suas forças armadas realizaram um exercício inédito de ocupação completa ao território dos rivais do Sul como parte de um treinamento de contra-ataque. A simulação, que incluiu um “exercício de ataque nuclear tático” envolvendo todos os militares da fechada nação, nunca havia sido divulgada pelos meios de comunicação estatais. As informações são da agência Associated Press (AP).

Imagens da agência estatal local KCNA exibiram o líder Kim Jong Un usando óculos enquanto analisava planos de batalha em um cenário com mapas. Na terça-feira (29), ele examinou o “exercício de comando abrangendo todo o exército”, cujo propósito era ocupar a metade sul do território, respondendo a uma invasão armada súbita do inimigo e lançando um contra-ataque total, conforme relatado pelo veículo oficial do regime.

Pyongyang já testou mísseis nucleares e disse como usaria em potenciais conflitos contra Seul e Washington. A divulgação de planos detalhados reafirma a doutrina beligerante de Jong-un, buscando intimidar oponentes enquanto protesta contra exercícios militares sul-coreanos-americanos.

Kim Jong-un durante parada militar em fevereiro deste ano (Foto: WikiCommons)

Na quarta-feira (30) à noite (horário local), as forças norte-coreanas lançaram dois mísseis balísticos táticos a partir de sua capital. O propósito dessa ação foi simular possíveis ataques contra os principais centros de comando e campos de aviação em funcionamento no país vizinho. De acordo com a KCNA, isso incluiu a reprodução de ataques aéreos e explosões simuladas de ogivas falsas.

Um relatório descreveu que a missão de ataque nuclear alcançou sucesso, detonando com precisão no ar “a uma altura predefinida de 400 metros sobre a ilha alvo”. O exercício teve a intenção de simular “ataques devastadores aos principais centros de comando e bases de aviação em operação” dos “gângsteres militares” sul-coreanos, conforme informado pela KCNA.

Em outro comunicado, a Coreia do Norte afirmou que o exercício foi uma resposta ao Ulchi Freedom Shield, treinamento conjunto realizado por Coreia do Sul e EUA, bem como à presença do bombardeiro B-1B das forças norte-americanas.

Segundo análises realizadas por autoridades sul-coreanas e japonesas, os dois mísseis de curto alcance percorreram uma distância de aproximadamente 360 a 400 quilômetros, atingindo uma altitude máxima de cerca de 50 quilômetros antes de cair nas águas entre a Península Coreana e o Japão.

Segundo especialistas em Seul, se a trajetória de voo de 360 quilômetros fosse ajustada, poderia direcionar-se a instalações militares na Coreia do Sul.

O Estado-Maior Conjunto sul-coreano classificou esses lançamentos como uma “provocação grave”, que representa uma ameaça à paz internacional e viola as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que proíbem quaisquer atividades balísticas por parte da Coreia do Norte. O Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos afirmou que o compromisso do Pentágono em defender a Coreia do Sul e o Japão permanece “forte e inabalável”.

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