Diplomatas terão que dar dinheiro a Pyongyang para construção de navios e submarinos

Ordem para contribuir com o orçamento militar já chegou à embaixada e a dois consulados norte-coreanos na China

Integrantes de missões diplomáticas da Coreia do Norte receberam do governo nos últimos dias uma ordem para que colaborem financeiramente com o orçamento militar do país, segundo informações da rede Radio Free Asia (RFA). Cada pessoa foi intimada a pagar US$ 100 (R$ 507), dinheiro que será usado para a construção de navios de guerra e submarinos.

“Ontem, Pyongyang enviou uma ordem à embaixada da Coreia do Norte aqui na China para angariar os fundos necessários para construir novos submarinos e navios de guerra”, disse uma fonte na embaixada de Beijing familiarizada com a situação, que pediu anonimato.

Kim Jong-un durante parada militar em fevereiro deste ano (Foto: WikiCommons)

Segundo o informante, cada um dos membros de todas as missões diplomáticas no exterior deve fazer a “doação” US$ 100″ antes de 10 de outubro, dia da fundação do Partido dos Trabalhadores da Coreia. A ordem atinge inclusive trabalhadores norte-coreanos em empresas estrangeiras, que o governo comunista considera parte do corpo diplomático.

A medida foi anunciada logo após o retorno do presidente norte-coreano Kim Jong-un da Rússia, onde ele visitou instalações militares e negociou com o homólogo Vladimir Putin acordos para compra e venda de tecnologia e armas.

Segundo a fonte, o despacho enviado por Pyongyang a sua embaixada na China diz que “a construção de novos navios de guerra e submarinos é uma prioridade máxima que não pode mais ser adiada, dada a situação atual”. A mensagem foi repassada ao menos a outros dois consulados norte-coreanos, em Shenyang e Dandong.

Algumas pessoas que receberam a ordem a encararam como um mero teste de lealdade ao regime, de acordo com o informante. Argumentaram que o dinheiro coletado não teria impacto no orçamento para construção dos submarinos e navios de guerra, pois cada unidade custaria mais de US$ 1 bilhão.

Um funcionário do consulado em Shenyang, por sua vez, declarou que os colegas ficaram decepcionados com a mensagem, pois já estão cansados de ver o governo priorizar o fortalecimento militar enquanto a população passa fome. “Foi uma tolice da nossa parte esperar que finalmente resolveriam os problemas alimentares do país”, afirmou.

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