O governo chinês está realizando o maior avanço militar de sua história, segundo autoridades dos EUA que testemunharam nesta semana em audiência no Comitê de Serviços Armados, em Washington. O alerta, que foi reproduzido pelo Departamento de Estado norte-americano, vem em meio a manobras militares crescentes nas proximidades de Taiwan e à intensificação da cooperação entre China, Rússia e Coreia do Norte.
Durante o depoimento, John Noh, que atua como secretário assistente de Defesa para assuntos de segurança no Indo-Pacífico, afirmou que a China está desenvolvendo um arsenal avançado em múltiplas frentes, incluindo armas nucleares, convencionais, cibernéticas e espaciais. Ele destacou que o presidente Xi Jinping ordenou ao Exército de Libertação Popular (ELP) que esteja pronto para invadir Taiwan até 2027.
Para Noh, a resposta dos EUA deve passar por três frentes: restabelecer a dissuasão com forças militares credíveis, redistribuir responsabilidades com aliados e reforçar a base industrial de defesa. “Aliados mais fortes levam a alianças mais fortes, e alianças mais fortes dissuadem a agressão e criam dilemas para nossos adversários”, disse.

O almirante Samuel Paparo, comandante do Comando Indo-Pacífico dos EUA (Indo-Pacom), também participou da audiência e afirmou que a região enfrenta uma confluência de ameaças. Segundo ele, o comportamento cada vez mais agressivo da China é a maior preocupação.
“A modernização militar sem precedentes deles, que abrange avanços em inteligência artificial, mísseis hipersônicos, capacidades espaciais, entre outros, representa uma ameaça real e séria para nossa pátria, para nossos aliados e para nossos parceiros”, declarou.
Paparo alertou que, apenas em 2024, a atuação militar chinesa contra Taiwan aumentou 300%, transformando exercícios em simulações concretas de conflito. Ele afirmou, porém, que o resultado para a China pode ser bem diferente do planejado
“Enquanto o Exército de Libertação Popular tenta intimidar o povo de Taiwan e demonstrar capacidade coercitiva, essas ações podem ter efeito contrário, atraindo maior atenção global e acelerando os preparativos defensivos de Taiwan”, disse.
Além da China, o comandante citou como ameaças a Coreia do Norte, com o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais capazes de atingir os EUA, e a crescente aliança militar entre Moscou e Beijing, que fortalece o regime norte-coreano.
Segundo ele, o Indo-Pacom realizou 120 exercícios conjuntos em 2024, sendo 20 com aliados estratégicos. “Embora enfrentemos desafios sérios, a força conjunta continua confiante, resoluta e determinada a prevalecer. A dissuasão continua sendo nosso dever mais elevado”, afirmou Paparo.