EUA e Coreia do Sul realizam exercício militar conjunto em meio a ameaças de Pyongyang

Washington lançou bombardeiros com capacidade nuclear e caças, em uma demonstração de força contra a Coreia do Norte

Em meio à turbulência na região da Ásia-Pacífico, Estados Unidos e Coreia do Sul realizaram um treinamento militar conjunto nesta terça-feira (20) no espaço aéreo do país insular. Washington enviou um bombardeiro estratégico B-52H e caças furtivos F-22, enquanto Seul usou seus F-35A e caças F-15K. Os exercícios serviram para medir forças em meio a ameaças de mísseis da Coreia do Norte. As informações são da agência Associated Press.

O treinamento ocorreu na zona de identificação de defesa aérea da Coreia do Sul, a sudoeste da ilha de Jeju, no sul, de acordo com um comunicado emitido nesta terça pelo Ministério da Defesa Nacional de Seul.

Esta é a mais recente demonstração de força dos aliados em relação a Pyongyang, que endureceu sua retórica e realizou um número recorde de testes de mísseis neste ano. Nessa atmosfera, recentemente a irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, Kim Yo-jong, comparou os Estados Unidos a um “cão assustado” e ameaçou testar um míssil balístico intercontinental.

Usado nos exercícios, o B-52H Stratofortress é um bombardeiro pesado de longo alcance que pode realizar uma variedade de missões (Foto: WikiCommons)

Os dois aliados realizaram atividades militares na Península Coreana após Pyongyang anunciar a realização de um “teste bem-sucedido” de um motor de combustível sólido de alta potência, que foi descrito como uma nova “arma estratégica”, sendo a primeira do gênero no país.

No mesmo comunicado, o Ministério da Defesa sul-coreano acrescentou que os aliados “continuarão a fortalecer a postura de defesa combinada” da aliança em resposta às ameaças nucleares e de mísseis da Coreia do Norte.

No início desta semana, a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos de médio alcance, que disse fazer parte de um “importante teste de estágio final” que em breve resultará no primeiro satélite espião de reconhecimento militar do país.

Após o lançamento, a agência de notícias estatal norte-coreana publicou imagens em preto e branco de baixa resolução das cidades sul-coreanas de Seul e Incheon, que teriam sido tiradas pelo satélite. Analistas de defesa observaram que os registros eram de qualidade muito inferior às imagens de satélite disponíveis comercialmente, como as disponíveis no Google Maps.

Também nesta terça-feira, Kim Yo-jong publicou um editorial na mídia estatal norte-coreana, no qual não poupou críticas aos analistas do país vizinho, que questionaram a alegação do Norte de ter feito progressos significativos no programa de satélites espiões. Elas os chamou de “especialistas em marionetes” e sugeriu que seu país poderia ter produzido imagens de satélite mais sofisticadas, caso quisesse.

Ela também deu a entender que a Coreia do Norte poderá em breve realizar um lançamento de míssil de longo alcance em uma trajetória normal, em vez de elevada.

Disparos provocam Japão

No domingo (18), a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos de médio alcance capazes de atingir o Japão. O disparo ocorreu dois dias depois de Tóquio ter anunciado um reforço militar de US$ 320 bilhões, cifra que deve incrementar seu potencial bélico com mísseis capazes de atingir a China, segundo o Yahoo News.

Ambos os mísseis foram lançados de uma área próxima à costa oeste da Coreia do Norte e voaram cerca de 500 quilômetros, atingindo altitudes máximas de cerca de 550 quilômetros, antes de pousar no Mar do Japão, fora da zona econômica exclusiva (ZEE) japonesa, que se estende por 200 milhas náuticas (370 quilômetros) de sua costa, disse em coletiva de imprensa o ministro de Estado da Defesa, Toshiro Ino.

Ele criticou os lançamentos, alegando que ameaçam a segurança da comunidade internacional. O Comando Indo-Pacífico dos EUA endossou as palavras da autoridade sul-coreana e disse que os compromissos americanos com a Coreia do Sul e o Japão permanecem “firmes”.

Por que isso importa?

As tensões entre a Coreia do Norte, seus vizinhos do sul e o Ocidente cresceram no dia 8 de setembro, quando Jong-un declarou durante uma Assembleia Popular Suprema que seu país não abriria mão do armamento nuclear. No mesmo dia, a convenção aprovou uma lei que estabelece situações em que o líder supremo dos norte-coreanos teria poderes para ordenar um “ataque nuclear preventivo”.

Ao lado de EUA e Japão, a Coreia do Sul tem pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e a cooperar para manter a paz e a estabilidade na região. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.

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