O governo das Filipinas colocou mais lenha na fogueira das tensões no Mar da China Meridional ao anunciar que vai melhorar as condições de ilhas e recifes ocupados pelo país nas águas disputadas, posições que são reivindicadas por Beijing. As informações são da agências Reuters.
De acordo com Romeo Brawner, chefe das Forças Armadas filipinas, o objetivo da medida é oferecer melhores instalações aos militares do país, que atualmente marcam presença naquelas águas para impedir a tomada das posições pela China.
“Gostaríamos de melhorar todas as nove, especialmente as ilhas que ocupamos”, declarou Brawner referindo-se às posições ocupadas pelo país dele no Mar da China Meridional.
Entre essas posições está um posto militar em Second Thomas Shoal. Trata-se de um antigo navio que foi propositalmente encalhado e atualmente é ocupado por militares filipinos nas Ilhas Spratly.
A China, como parte de sua reivindicação territorial, constantemente pede a Manila que remova a embarcação. Como os pedidos não são atendidos, passou a assediar as missões de reabastecimento regulares, que visam a levar provisões aos soldados ali estacionados.
Um dos planos para melhorar a situação dos soldados em Second Thomas Shoal é a instalação de um equipamento de dessalinização, para que eles tenham estoque permanente de água potável.
Outra área que será melhor desenvolvida, segundo a autoridade militar, é a ilha Thitu, estrategicamente a mais importante posição disputada por Manila e Beijing. Conhecida nas Filipinas como Pag-asa, a ilha fica cerca de 480 quilômetros a oeste da província filipina de Palawan.
Por que isso importa?
Na última década, o Mar da China Meridional tem sido palco de inúmeras disputas territoriais entre a China e outros reclamantes do Sudeste Asiático, bem como de uma disputa geopolítica com os Estados Unidos quanto à liberdade de navegação nas águas contestadas.
Os chineses ampliaram suas reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional e ali ergueram bases insulares em atóis de coral ao longo dos últimos dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.
Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para realizar patrulhas, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas internacionais e no espaço aéreo.
Segundo John C. Aquilino, almirante da Marinha dos Estados Unidos e chefe do Comando Indo-Pacífico, a razão da presença de Washington na região é “prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo”.
Já a atuação de Beijing, de acordo com o almirante, é preocupante. “Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China”, afirmou. “Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região”.