O Weibo, plataforma de rede social chinesa semelhante ao X (antigo Twitter), emitiu no último final de semana alertas automáticos aos usuários, solicitando que evitem críticas à economia. A situação ocorre sob um contexto no qual o ritmo de crescimento econômico da China está diminuindo, particularmente em razão da crise imobiliária. As informações são da revista Newsweek.
Esses avisos, divulgados inicialmente pela Bloomberg na última sexta-feira (15), foram enviados a internautas que fizeram comentários sobre o estado da economia chinesa no último ano, marcado pela recuperação pós-pandemia. O Weibo, comparado frequentemente a outras plataformas ocidentais, atua em um ambiente online rigorosamente regulamentado na China e estaria sob o comando de um novo diretor.
Não ficou claro se essa forma de censura resultou em banimentos ou suspensões de contas na popular rede social.
A recente ação dos censores chineses no Weibo e em outros aplicativos de mídia social reflete a sensibilidade do governo à opinião pública no que diz respeito à saúde econômica do país, impactada pela crise do mercado imobiliário puxada pela Evergrande, incorporadora local que acumula mais de US$ 300 bilhões em dívidas.
O Banco Mundial expressou preocupação contínua com indicadores-chave, como o consumo interno e a confiança dos investidores, descrevendo a economia chinesa como “frágil”. Em relatório, a instituição financeira destacou que a prolongada crise imobiliária resultou em um declínio cumulativo de 18% nos investimentos imobiliários nos últimos dois anos.
O Banco Mundial prevê uma desaceleração adicional no crescimento do PIB da China para 4,5% em 2024 e 4,3% em 2025. O Departamento Nacional de Estatísticas chinês relatou uma queda de 9,4% nos investimentos em propriedades na última sexta-feira, indicando desafios contínuos no setor imobiliário.
Enquanto as principais incorporadoras, como a já citada Evergrande e a Country Garden, enfrentam problemas financeiros, observadores sugerem que a postura mais conciliatória de Beijing em relação a Washington pode estar relacionada a questões financeiras internas e à busca por relações comerciais mais estáveis.
O endividamento da Evergrande ilustra a crise enfrentada pelo setor imobiliário chinês, pilar de uma economia que vinha crescendo em ritmo vertiginoso e agora fraqueja. A expectativa de liquidação da empresa é um pesadelo não apenas para o governo chinês, mas também para os investidores globais.
Junto com alertas do Weibo, o Ministério de Segurança do Estado da China (MSS, da sigla em inglês) emitiu uma advertência contra a disseminação de “narrativas falsas” sobre a economia, alegando que buscam construir uma “armadilha discursiva” do “declínio da China”.
A mídia estatal, incluindo a agência de Notícias Xinhua, rebateu críticas econômicas com a mensagem de que a “resiliência econômica chinesa desmente visões pessimistas”. Uma hashtag no Weibo, “aqueles que falam mal da economia chinesa estão destinados a ficar desapontados”, teve mais de 140 milhões de visualizações entre 14 e 18 de dezembro.