Investigação confirma que míssil produzido pela Coreia do Norte atingiu a Ucrânia

Relatório não acusa nominalmente a Rússia, mas é um importante indício de que Pyongyang fornece o armamento a Moscou

Uma investigação conduzida pela ONU (Organização das Nações Unidas) fortalece uma denúncia que há tempos vem sendo feita por governos ocidentais, de que a Rússia usa armas produzidas pela Coreia do Norte para atacar a Ucrânia. As informações são da agência Reuters.

Segundo especialistas indicados pelas Nações Unidas, os destroços de um míssil balístico que atingiu a cidade ucraniana de Kharkiv em 2 de janeiro deste ano pertencem a um modelo Hwasong-11 originário na Coreia do Norte. A informação consta de um relatório de 32 páginas acessado com exclusividade pela Reuters.

Embora tenham confirmado a origem do míssil como sendo norte-coreana, os especialistas “não conseguiram identificar de forma independente de onde o míssil foi lançado, nem por quem”. Afirmam, entretanto, que “as informações sobre a trajetória fornecidas pelas autoridades ucranianas indicam que foi lançado de distância compatível com a do território da Federação Russa.”

Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un: aliança (Foto: kremlin.ru)

São antigas as denúncias de que Pyongyang ajuda Moscou a se armar no conflito, mas não se sabe ao certo se mísseis faziam parte do acordo entre os dois governos. A investigação da ONU fortalece tal suspeita, a partir da origem do artefato que atingiu a Ucrânia.

“Tal localização, se o míssil estivesse sob controle das forças russas, provavelmente indicaria aquisição por cidadãos da Federação Russa”, diz o relatório, acrescentando que isto seria uma violação do embargo de armas imposto à Coreia do Norte em 2006.

Foi com base em tais sanções que a ONU destacou três especialistas para conduzirem a investigação. Eles viajaram à Ucrânia e tiveram acesso aos destroços do míssil, confirmando se tratar de um Hwasong-11. Ainda segundo eles, não há qualquer indício de que o artefato tenha sido produzido na Rússia.

Sete mil contêineres

Uma denúncia recente contra Pyongyang por armar Moscou partiu do ministro da Defesa da Coreia do Sul, Shin Won-sik. Em março, ele afirmou que o regime comunista enviou aproximadamente sete mil contêineres de armas para a Rússia desde que os dois países estabeleceram um acordo de transferência de equipamentos militares, em julho de 2023.

Parceiros de longa data, Rússia e Coreia do Norte enfrentam uma série de sanções globais. Moscou sofre punições por conta da invasão à Ucrânia, enquanto Pyongyang é alvo em consequência dos testes de armas nucleares.

Após uma cúpula entre os líderes Vladimir Putin e Kim Jong-un no extremo leste da Rússia em setembro de 2023, os Estados Unidos afirmaram que Pyongyang começou a fornecer armas a Moscou. Durante a visita, o líder comunista declarou “prioridade nos laços bilaterais”, expressando apoio à guerra contra a Ucrânia.

Em outubro de 2023, Washington relatou envios de armas de Pyongyang para Moscou, estimando mais de mil contêineres de equipamento militar. No mês seguinte, Seul acusou o Norte de enviar mais de um milhão de cartuchos de artilharia para a Rússia enquanto buscava orientação técnica do aliado para um projeto de satélite militar.

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