Mais de um bilhão de comprimidos de metanfetamina foram apreendidos no leste e sudeste da Ásia no ano passado, segundo dados do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime).
O espantoso transporte de drogas por toda a vasta região é mais uma prova de que a fabricação ilícita continua a se expandir sem controle, com “volumes extremos de metanfetamina” em produção, juntamente com um número decrescente de novas substâncias psicoativas sintéticas.
Sindicatos do crime organizado e gangues armadas estão por trás da indústria em expansão, na qual uma abundância de produtos químicos não regulamentados resultou em “preços de drogas continuamente decrescentes”, em particular a metanfetamina em cristais, mais comumente conhecida como meta.
Em um novo relatório publicado na segunda-feira (30), o UNODC relatou problemas como a falta de verificação e de controles oficiais resultantes da pandemia e a instabilidade política no chamado “Triângulo Dourado” dos países, onde o estimulante altamente viciante se origina ou é transportado por fronteiras porosas, em particular as de Mianmar, Tailândia e Laos.
Dado o preço barato da metanfetamina, juntamente com sua aparente abundância e alta pureza, o UNODC disse que o narcótico continua sendo “a principal droga de preocupação” para todos os países do leste e sudeste da Ásia, da China ao Japão, da Indonésia a Cingapura.
O UNODC também observou que, em contraste com as apreensões recordes de comprimidos de metanfetamina, a quantidade da droga em forma de cristais e em pó diminuiu, respetivamente, em 3,2 toneladas e 1,5 toneladas. As apreensões de metanfetamina líquida também caíram de 6,4 toneladas em 2020 para 908 quilos em 2021.
Origem: Europa
Entre outras drogas ilegais que circulam na região, o UNODC observou que a demanda por ecstasy permanece relativamente baixa, enquanto seu preço permanece estável.
A Europa é a principal fonte de comprimidos de ecstasy traficados para a Ásia, através das províncias do nordeste, que fazem fronteira com o Laos, explicou a agência da ONU. As apreensões de ecstasy caíram significativamente em 2021, de 8,9 milhões de comprimidos em 2020 para 3,7 milhões em 2021.
Outras drogas sintéticas continuam a ser produzidas para atrair novos usuários, disse o UNODC, observando que apenas 50 “novas substâncias psicoativas” foram identificadas em 2021, em comparação com mais que o dobro desse número em 2020.
No entanto, novas substâncias “continuam a evoluir e a surgir”, sustentou o UNODC, acrescentando que a Cetamina “continua a ser uma preocupação, com sinais que apontam para o aumento da oferta dentro e fora da região”.
Voltando-se ao Camboja, a agência da ONU disse que os grupos do crime organizado têm usado cada vez mais o país como base.
Embora apenas dois “laboratórios clandestinos” tenham sido desmantelados no ano passado no Camboja, pelo menos um estava produzindo cetamina e outros estimulantes sintéticos “em escala industrial”.
Os últimos dois anos também viram um aumento exponencial no confisco de produtos químicos que podem ser usados para fazer drogas sintéticas ilegais, disse o UNODC, com 165 toneladas de compostos apreendidos em três armazéns no Camboja em janeiro deste ano.
“Incluem produtos químicos controlados, como anidrido acético (2,7 toneladas), ácido clorídrico (29,1 toneladas) e tolueno (32,4 toneladas), além de produtos químicos não controlados, como ciclohexano (3,9 toneladas), juntamente com outros produtos químicos, que podem ser usados na fabricação ilícita de drogas sintéticas”, diz o documento.
Os “precursores” também são necessários para produzir metanfetamina, e as incursões nas instalações de produção indicam que a efedrina e a pseudoefedrina (que são encontradas em medicamentos para resfriado vendidos sem receita) “continuam sendo os precursores preferidos usados para fabricar metanfetamina no leste e sudeste da Ásia”.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News