Paralelos inquietantes, Taiwan e Ucrânia levantam preocupações da Otan

Chefe da aliança destaca a interconexão entre Europa e Ásia e enfatiza que o que ocorre em um desses continentes impacta no outro

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, alertou na segunda-feira (29) que o que ocorreu na Ucrânia pode se repetir em Taiwan.

Durante uma sessão no Congresso dos Estados Unidos, onde a bancada do Partido Republicano bloqueou novas ajudas para Kiev, Stoltenberg falou sobre a conexão entre Europa e Ásia, ressaltando que as ações do presidente russo Vladimir Putin podem ter impacto global. As informações são do jornal Taiwan News.

“A segurança não é regional; é global. O que acontece na Europa afeta a Ásia e vice-versa. Hoje é a Ucrânia, amanhã pode ser Taiwan. Portanto, é do nosso interesse garantir que forneçamos as armas e o apoio necessários, e estou confiante de que os aliados o farão”, disse, segundo o site da aliança.

Stoltenberg manifestou preocupação sobre o aumento da insegurança no mundo, o que acaba por incentivar outros líderes autoritários a recorrerem à força, citando Coreia do Norte, Irã e China, sendo que esta última ameaça invadir a ilha semiautônoma com o propósito de reunificar o país.

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg (Foto: NATO North Atlantic Treaty Organization/Flickr)

Diante desse cenário, segundo o secretário-geral, a aliança militar busca “garantir a soberania” da Ucrânia. Ele enfatizou o impacto positivo do apoio oferecido.

“Há um fluxo constante de munições e armas dos aliados da Otan. E vimos que este apoio permitiu que os ucranianos conseguissem realmente grandes conquistas”, afirmou ele.

Stoltenberg ainda ressaltou as pesadas perdas infligidas às forças russas, com mais de 300 mil baixas, além da destruição de centenas de aeronaves e milhares de veículos blindados.

“A maioria dos especialistas temia que a Rússia controlaria Kiev em alguns dias e toda a Ucrânia em semanas. A realidade é que os ucranianos conseguiram fazer recuar as forças russas e libertaram 50% do território que a Rússia ocupava no início da guerra”, afirmou.

O secretário-geral também falou sobre sua visita a uma fábrica no estado do Alabama, nos EUA, que produz mísseis Javelin – armamentos antitanque portáteis de última geração, conhecidos por sua precisão e capacidade de atingir alvos a longas distâncias –, agendada para esta quarta-feira (31), reconhecendo a importância do aumento da produção neste momento.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou, em coletiva de imprensa com Stoltenberg, que o governo norte-americano está observando as consequências da interrupção do fornecimento de armas a Kiev no campo de batalha.

“O fato de que nossos próprios aliados e parceiros forneceram mais do que os Estados Unidos, tanto quanto já fizemos, deve reforçar a mensagem para o Congresso ao considerar o pedido de orçamento suplementar”, disse Blinken. “Isso destaca a importância do compartilhamento de encargos, mostrando que essa carga está sendo suportada de maneira bastante equitativa entre aliados e parceiros. Vale ressaltar que não apenas na Europa, mas também em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, temos parceiros-chave participando. No entanto, se os Estados Unidos não cumprirem com nossos compromissos, será mais difícil para europeus e outros continuarem fazendo o que já estão fazendo”.

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