Seis manifestantes foram presos no Cazaquistão nesta segunda-feira (29) por exigirem a libertação de familiares detidos em Xinjiang, no oeste da China. Eles foram levados sob custódia pela polícia local em Almaty, maior cidade do país, onde protestavam em frente ao consulado chinês. As informações são da Radio Free Europe.
O protesto desta semana foi o mais recente de uma série de manifestações no país relacionadas à prisão em massa de cazaques, uigures e outras minorias muçulmanas na província chinesa.
Entre os detidos estava Gulfia Qazybek, que relatou à reportagem que acabou sofrendo um ferimento em uma das mãos ao ser colocada à força dentro da viatura policial, tendo que ser levada a um hospital para tratar a lesão. Segundo a vítima, em seguida, ela e outras três mulheres e dois homens foram conduzidos à delegacia.
Gulfia e os outros cinco militantes reivindicam proteção do governo cazaque ao seu povo em meio à repressão contra a minoria uigur em Xinjiang. No entanto, como o país se beneficia de grandes investimentos de Beijing, as autoridades locais temem irritar os vizinhos e comprometer a diplomacia e os negócios.
Há inúmeros presos nos campos de detenção para uigures na província chinesa, onde está em andamento uma política sistemática de controle étnico, de religião muçulmana, história e cultura ligadas aos povos da Ásia Central.
Ao menos dois milhões de uigures já passaram por tais centros nos últimos três anos. Apesar de negar as acusações de abusos, o governo chinês argumenta que as estruturas existem e são usadas para “combater o extremismo”, recusando alegações de genocídio da comunidade internacional.
Por que isso importa?
A comunidade uigur habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A província faz fronteira com países da Ásia Central, com quem divide raízes étnicas e linguísticas.
Denúncias dão conta de que Beijing usa de tortura, esterilização forçada, trabalho obrigatório e maus tratos para realizar uma limpeza étnica e religiosa em Xinjiang.
Estimativas apontam que um em cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já passou por campos de detenção de forma arbitrária desde 2014. O governo chinês admite a existência de tais campos, que abrigam mais de um milhão de pessoas, mas alega que eles servem para educação contraterrorismo.
O governo de Joe Biden, nos EUA, foi o primeiro a usar o termo “genocídio” para descrever as ações da China em relação aos uigures. Em seguida, Reino Unido e Canadá também passaram a usar a designação, e mais recentemente a Lituânia se juntou ao grupo.