O governo da China tem alegado uso das medidas de contraterrorismo da ONU (Organização das Nações Unidas) para justificar violações à população uigur na província de Xinjiang, no oeste do país.
A denúncia foi publicada no domingo (1) por Akshaya Kumar, diretora de advocacy da Human Rights Watch. A área é responsável pela defesa de causas humanitárias junto a governos, pressionando pela formulação de políticas públicas que auxiliem grupos em perigo.
De acordo com Kumar, o governo chinês teria respondido ao editorial da revista britânica “The Economist”, publicado em 17 de outubro. O texto defende que os abusos sobre a população uigur são um “crime contra a humanidade”.
Um dos diplomatas chineses em Londres teria sugerido, em uma carta à qual a HRW teve acesso, que as políticas de Beijing em Xinjiang seguem os princípios de contraterrorismo. As medidas estariam previstas em uma série de documentos internacionais, como a Estratégia Global de Antiterrorismo da ONU.
Segundo Kumar, no entanto, não há qualquer princípio de contraterrorismo das Nações Unidas que aprove a vigilância, a separação das famílias, a detenção arbitrária em massa e a reeducação política forçada – como apontam vários indícios nos campos de detenção de Xinjiang.
“Ao arrastar a ONU para o debate, o governo da China tenta ocultar crimes em massa em Xinjiang com a legitimidade do multilateralismo“, afirmou Kurma.
Segundo a diretora da HRW, a China dá a entender de que os abusos contra os uigures não passam de “contraterrorismo”, e não de uma política de neutralização de populações com potencial para demandas separatistas futuras.
Os campos de detenção despertaram a atenção da comunidade internacional depois que detentos denunciaram prisões arbitrárias e abusos à comunidade uigur. A maioria chinesa han vê com desconfiança essa população, muçulmana e de raízes culturais na Ásia central.