Premiê britânica aponta resposta frágil dada à Rússia e promete não repeti-la com a China

"O fato é que o mundo livre não fez o suficiente para combater a agressão russa cedo o suficiente", afirmou Liz Truss

A primeira-ministra britânica Liz Truss prometeu que o Reino Unido e seus aliados ocidentais garantirão que Taiwan seja capaz de se defender contra uma eventual agressão chinesa. Em entrevista à rede CNN, ela apontou os erros nesse sentido cometidos com a Rússia, que vieram a permitir a invasão da Ucrânia. E afirmou que eles não se repetirão com a China.

“O fato é que o mundo livre não fez o suficiente para combater a agressão russa cedo o suficiente. E Putin foi encorajado a iniciar esta terrível guerra”, disse a premiê. “Não podemos ver essa situação acontecer em outras partes do mundo”.

A promessa de Truss surge uma semana depois de o principal aliado dela, o presidente norte-americano Joe Biden, afirmar que “sim”, as forças armadas dos EUA partiriam em defesa de Taiwan em caso de uma agressão por parte da China.

Liz Truss, então secretária das Relações Exteriores britânica, em 2021 (Foto: UK Government/Flickr)

“Tive um encontro muito bom com o presidente (Biden). Falámos de muitas, muitas questões. Mas o cerne da questão, o cerne da questão, é a nossa crença na liberdade, a nossa crença na democracia. E é nisso que precisamos continuar trabalhando, porque enfrentamos um mundo cada vez mais inseguro”, afirmou a primeira-ministra.

Segundo ela, EUA, Reino Unido e os demais países do G7 têm trabalhado para reduzir a “dependência estratégica” da China, assegurando assim que tenham uma “resposta comum” a uma eventual agressão militar de Beijing.

“Bem, o que tenho sido clara em dizer é que todos os nossos aliados precisam garantir que Taiwan seja capaz de se defender. E isso é muito, muito importante”, afirmou ela. “Nós precisamos aprender as lições da Ucrânia”.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China. Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como parte do território chinês.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas do território. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita de Pelosi, primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, uma atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Beijing, que falou em impor “sérias consequências” como retaliação à visita, também sancionou Taiwan com a proibição das exportações de areia, material usado na indústria de semicondutores e crucial na fabricação de chips, e a importação de alimentos, entre eles peixes e frutas. Quatro empresas taiwanesas rotuladas por Beijing como “obstinadas pró-independência” também foram sancionadas.

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