China diz que animosidade de Truss ‘expõe a incapacidade’ da premiê britânica

Nova líder do Partido Conservador disse em campanha que pretendia classificar Beijing como "ameaça à segurança nacional"

A China não perdeu tempo e já teceu comentários nada amistosos direcionados a Liz Truss, que na segunda-feira (5) foi eleita líder do Partido Conservador e, consequentemente, a nova primeira-ministra do Reino Unido. Beijing contestou críticas feitas durante a campanha e disse que essa animosidade “expõe a incapacidade” dela “em termos de governança”. As informações são do site Radio Free Asia.

O jornal China Daily, ligado ao Partido Comunista Chinês (PCC), ocupou o papel de porta-voz de Beijing, através de um editorial sobre a eleição de Truss. O texto toma como base o fato de que ela, durante a campanha contra o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, disse que poderia declarar a China “ameaça à segurança nacional” caso eleita.

Liz Truss durante videoconferência em 2021 (Foto: UK Government/Flickr)

“Tentar desviar a atenção doméstica exagerando a ‘ameaça da China’ e atacando outros países é como um velho meme interpretado por atores de talk show políticos coxos, que não serve para nada além de expor a incapacidade de tais políticos em termos de sua governança”, disse o jornal.

A postura da nova premiê também foi contestada pelo jornal igualmente nacionalista Global Times. Ao destacar que a China poderia ser declarada uma “ameaça à segurança nacional do Reino Unido”, o periódico afirmou que “manter essa postura quando estiver no cargo não será do melhor interesse do Reino Unido”.

Taiwan, Rússia e TikTok

Em campanha, o próprio Sunak havia classificado a China como “a maior ameaça de longo prazo à economia da Grã-Bretanha e do mundo e à segurança nacional”. Truss, no entanto, lembrou que as palavras do rival nem sempre haviam sido duras contra a China, vez que anteriormente ele havia manifestado o “desejo de relações econômicas mais estreitas” com o país asiático.

A então secretária das Relações Exteriores, ao contrário, nunca tentou esconder a visão de que Beijing representa uma ameaça ao Reino Unido e ao Ocidente. Durante a campanha, ela citou inclusive a necessidade de limitar as exportações de tecnologia a “regimes autoritários” e afirmou que pretendia reprimir a atuação de empresas chinesas no país, citando o exemplo do TikTok.

Pouco antes de ser eleita, chegou a convocar o embaixador chinês no Reino Unido para abordar a tensão crescente com Taiwan, por ocasião da visita à ilha de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA. “Vimos um comportamento e uma retórica cada vez mais agressivos de Beijing nos últimos meses, que ameaçam a paz e a estabilidade na região”, disse ela em comunicado divulgado à época.

Em julho, durante o Fórum Público da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Truss disse ainda que, ao tomar partido no conflito entre Rússia e Ucrânia, a aliança também deveria enviar uma mensagem à China para não “fazer o cálculo errado” sobre uma eventual invasão a Taiwan, território semiautônomo que enxerga um paralelo entre a sua situação e a crise no Leste Europeu.

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