O presidente sul-coreano afastado Yoon Suk-yeol afirmou que se entregou às autoridades para evitar violência, mesmo classificando como “ilegal” a investigação que resultou em sua prisão nesta quarta-feira (15), em uma operação que envolveu mais de três mil policiais na capital Seul. As informações são da agência Reuters.
“Decidi responder à investigação do CIO (Escritório de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários, da sigla em inglês), apesar de ser uma investigação ilegal, para evitar derramamento de sangue indesejável”, disse Yoon, em meio a um dos episódios mais conturbados da política recente do país asiático.
A prisão de Yoon, ocorrida após semanas de impasse e resistência, marca a primeira vez que um presidente em exercício é detido na Coreia do Sul. Ele foi capturado após mais de três mil policiais cercarem sua residência em Seul. Desde que declarou lei marcial em dezembro, o político enfrentou impeachment e acusações de insurreição, mergulhando o país em uma crise que tem repercussões internacionais.

O caso não apenas dividiu opiniões na Coreia do Sul, mas também despertou preocupações entre aliados globais. A Casa Branca, em comunicado, destacou a importância de que todas as ações sejam conduzidas em conformidade com a Constituição sul-coreana, enquanto o Japão observou a situação com “sério e particular interesse”.
Embora Yoon tenha aceitado se entregar, ele se recusou a prestar depoimentos gravados ou fornecer declarações substanciais aos investigadores. Seu advogado questiona a legalidade do mandado de prisão, alegando irregularidades no processo judicial e investigativo. O CIO, responsável pela investigação, descreve o presidente afastado como o “líder de uma insurreição”.
Os eventos que culminaram na prisão foram acompanhados com tensão por cidadãos de todo o país, com transmissões ao vivo mostrando as forças de segurança ultrapassando os apoiadores de Yoon. Muitos desses apoiadores continuam a defender o agora ex-presidente, alegando fraude eleitoral — uma das justificativas para a declaração de lei marcial — e buscando apoio internacional para sua causa.
Pesquisas apontam, contudo, que a maioria dos sul-coreanos desaprova as ações de Yoon e apoia seu afastamento definitivo. Mesmo assim, o Partido do Poder Popular (PPP), do qual ele faz parte, tem registrado crescimento nas intenções de voto, diminuindo a diferença para a principal sigla de oposição.
O futuro político de Yoon agora depende da conclusão da investigação e do julgamento do Tribunal Constitucional.