A rede social X, antigo Twitter, anunciou na quinta-feira (22) que, mesmo contrariada, atenderá a uma determinação do governo da Índia, liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, para censurar perfis e postagens específicos no país. As informações são da rede CNBC.
A equipe de assuntos governamentais da empresa usou seu perfil na própria plataforma para comentar o caso. “O governo indiano emitiu ordens executivas exigindo que o X aja em contas e cargos específicos, sujeito a possíveis penalidades, incluindo multas significativas e prisão”, diz o texto
Embora a plataforma não tenha justificado o que motivou a ordem do governo, veículos de imprensa indianos indicam que o caso está atrelado aos recentes protestos de agricultores que ocorrem no país.
O protesto dos agricultores, a maioria deles do estado de Punjab, está relacionado a uma promessa feita pelo governo em 2021, e até agora não cumprida, de oferecer melhores preços para suas colheitas. A polícia passou a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de prisões e agressões.
O X afirmou também que restrições legais o impedem de reproduzir o conteúdo da ordem executiva. “Em conformidade com as ordens, iremos reter estas contas e publicações apenas na Índia; no entanto, discordamos destas ações e sustentamos que a liberdade de expressão deve se estender a estas postagens.”
The Indian government has issued executive orders requiring X to act on specific accounts and posts, subject to potential penalties including significant fines and imprisonment.
— Global Government Affairs (@GlobalAffairs) February 21, 2024
In compliance with the orders, we will withhold these accounts and posts in India alone; however,…
Censura na Índia
Esta não é a primeira vez que a rede social cede à pressão do governo indiano. Em janeiro de 2023, ainda conhecido como Twitter e já sob o controle de Elon Musk, a plataforma excluiu um documentário da rede britânica BBC que descortinou o papel político de Modi em um massacre ocorrido em 2002 no estado indiano de Gujarat.
À época do incidente, o hoje premiê era ministro-chefe de Gujarat, e muitos de seus aliados foram cúmplices nos distúrbios entre a maioria hindu e a minoria muçulmana, que resultaram na morte de mais de mil pessoas, sobretudo entre o grupo minoritário.
Mas a tensão entre a empresa e o governo indiano vai além daquele episódio. Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter, revelou em junho do ano passado que Nova Délhi chegou a ameaçar fechar a empresa no país caso não fossem acatadas ordens do governo para bloqueio de perfis e postagens, segundo a agência Reuters.
“Isso se manifestou de maneiras como: ‘Vamos fechar o Twitter na Índia’, que é um mercado muito grande para nós; ‘vamos invadir as casas de seus funcionários’, o que eles de fato fizeram… E esta é a Índia, um país democrático”, disse Dorsey na ocasião.
Em resposta, o vice-ministro de Tecnologia da Informação da Índia, Rajeev Chandrasekhar, afirmou que “ninguém foi preso” e que “o Twitter não foi fechado.” Acrescentou que Dorsey apenas “teve problemas em aceitar a soberania da lei indiana.”