Taiwan condena discurso de Xi Jinping no centenário: “Cada vez mais autoritário”

Líder do Partido Comunista Chinês destacou a submissão de Taipé a Beijing e foi duramente criticado pelo governo taiwanês

O discurso de Xi Jinping durante a celebração do centenário do Partido Comunista Chinês (PCC), na quinta-feira (1), foi duramente criticado por Taiwan. Expressões como “uma só China”, “integridade territorial” e “consenso de 1992” foram particularmente contestadas, pois são um recado claro de que Taiwan deve se submeter à autoridade de Beijing.

O líder chinês não se limitou a tais a expressões cuidadosamente inseridas no discurso de mais de uma hora. Ele foi explícito sobre a submissão, segundo o jornal Taipei Times. “Resolver a questão de Taiwan e realizar a reunificação completa da pátria são os deveres históricos juramentados do PCC e a aspiração comum de todo o povo chinês”, disse ele, convocando a população de ambos os lados do Estreito a “destruir qualquer plano de independência de Taiwan“.

Xi Jinping no discurso do centenário do Partido Comunista Chinês (Foto: divulgação/cpc.people.com.cn)

No Twitter, a porta-voz da presidência de Taiwan, Kolas Yotaka, emitiu uma resposta ácida ao discurso de Xi: “O PCC quer Taiwan [de presente] em seu centésimo aniversário. Pois escolha outra coisa. Cresça”.

O MAC (Conselho de Assuntos do Continente, da sigla em inglês) também reagiu com duras críticas à sigla. O órgão governamental taiwanês afirmou que o partido está “cada vez mais autoritário” e é uma “ameaça à democracia global”.

O termo “consenso de 1992” sugere que ambos os lados do Estreito de Taiwan reconhecem a existência de “uma só China”, com cada lado tendo sua própria interpretação do que “China” significa. A expressão foi cunhada pelo ex-presidente do MAC Su Chi, em 2006, e faz referência a uma suposta concordância entre o Partido Nacionalista Chinês (Kuomitang, ou KMT), uma das principais siglas de Taiwan, e o PCC quanto à subordinação de Taipé.

“Os erros históricos da política do PCC e as ações prejudiciais persistentes representam uma grave ameaça à segurança regional e à democracia liberal global”, disse o MAC, que exortou Beijing a “enfrentar a realidade” de que 23 milhões de taiwaneses rejeitaram há muito tempo o princípio unilateral de “uma só China” e o “consenso de 1992”.

Pesquisa de opinião

A Fundação de Opinião Pública de Taiwan realizou uma pesquisa para entender a visão que a população local tem do Partido Comunista Chinês. A pesquisa pediu aos entrevistados que classificassem seu sentimento em relação ao PCC de 0 a 100, em que 0 representa a aversão mais forte e 50 representa indiferença ou nenhum sentimento.

Para 47% dos entrevistados, a classificação fica abaixo de 50, e apenas 10,1% responderam acima de 50. Para 31,9%, a classificação é 50, e 11% não quiseram responder ou disseram não saber.

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