Taiwan negocia compra bilionária de armas dos EUA em meio a tensões com a China

Aquisição inclui mísseis de defesa costeira e sistemas de foguetes Himars; governo Trump sinaliza apoio à ilha na luta por autonomia

Taiwan está em negociações com os Estados Unidos para adquirir um pacote de armamentos que pode chegar a US$ 10 bilhões, informaram à agência Reuters fontes a par do assunto, que falaram sob condição de anonimato. O objetivo da compra é fortalecer a capacidade de defesa da ilha diante da crescente pressão militar da China.

Entre os equipamentos que podem ser incluídos no acordo estão mísseis de defesa costeira e sistemas de foguetes de alta mobilidade (Himars). Segundo uma das fontes, a aquisição também serviria como um gesto político para demonstrar aos EUA o compromisso de Taiwan com sua própria segurança.

A Casa Branca ainda não comentou oficialmente sobre as negociações, mas o assessor de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, manifestou intenção de acelerar a entrega de armas à ilha. O Ministério da Defesa taiwanês não confirmou os detalhes da compra, mas reiterou que sua prioridade é fortalecer suas capacidades militares.

“Qualquer armamento e equipamento que possa contribuir para esse objetivo está incluído nos planos de aquisição”, informou a pasta.

Soldados taiwaneses (Foto: WikiCommons)

A China reivindica Taiwan como parte de seu território e não descarta o uso da força para incorporá-la. O governo taiwanês rejeita essas reivindicações e insiste que apenas seus cidadãos têm o direito de decidir seu futuro político.

No cenário diplomático, a administração Trump tem mantido um posicionamento favorável a Taiwan. No início de fevereiro, Trump e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, divulgaram um comunicado conjunto condenando qualquer tentativa de alteração do status quo no Estreito de Taiwan por meio da força. Além disso, o Departamento de Estado dos EUA retirou de seu site uma referência de que Washington não apoia a independência de Taiwan – uma decisão bem recebida pelo governo da ilha, mas criticada por Beijing.

Taiwan também planeja avançar com um orçamento especial de defesa que dará ênfase a munição de precisão, sistemas de defesa aérea, equipamentos de comando e controle, aprimoramento das forças de reserva e tecnologia antidrone. A medida visa responder ao avanço militar chinês e reforçar a segurança nacional.

Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump autorizou a venda regular de armas a Taiwan, incluindo caças F-16 e outros sistemas avançados de defesa. Embora o governo Biden tenha continuado essas transações, as aquisições sob sua administração vinham sendo mais modestas em termos de valores e volume.

Apesar da incerteza gerada por recentes ameaças de tarifas sobre semicondutores taiwaneses feitas por Trump, autoridades da ilha enxergam sinais positivos no apoio do presidente à segurança de Taiwan. Um dos fatores que reforçam essa percepção é a permanência do diplomata Raymond Greene no cargo de diretor do Instituto Americano em Taiwan, a representação diplomática não oficial dos EUA em Taipé. Ele segue no posto mesmo em meio a uma reestruturação de outros cargos diplomáticos do país.

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