Os ataques cibernéticos diários contra a rede de serviços governamentais de Taiwan alcançaram uma média diária de 2,4 milhões em 2024, o dobro registrado no ano anterior, de acordo com relatório divulgado pelo Escritório Nacional de Segurança (NSB) no último domingo (5). O documento aponta que a maioria das investidas tem origem na China, conforme relatou o site Focus Taiwan.
A rede alvo de Beijing foi criada para integrar serviços digitais entre agências governamentais e facilitar o acesso da população a plataformas como pagamento de impostos e consulta de dados de saúde. Apesar de grande parte dos ataques ter sido bloqueada, o relatório alerta sobre a gravidade crescente das ações de hackers chineses.
O relatório, intitulado Análise sobre Técnicas de Ataques Cibernéticos da China em 2024, tem como objetivo conscientizar a população sobre as ameaças digitais. Embora não tenha detalhado números exatos de ataques chineses, o NSB informou que 906 incidentes foram registrados em 2024, um aumento de mais de 20% em relação aos 752 casos reportados no ano anterior. Destes, mais de 80% tiveram como alvo agências governamentais.
A sofisticação dos ataques tem se elevado significativamente, com hackers utilizando técnicas avançadas para roubo de dados e infiltrações em agências governamentais e empresas privadas, segundo o relatório. O uso de e-mails de servidores públicos como ponto de entrada para informações sigilosas é um dos métodos mais comuns identificados.
Setores estratégicos, como telecomunicações, transporte e defesa, também enfrentaram crescimento exponencial de ataques em 2024. O relatório aponta um aumento de 650% nos ataques à área de telecomunicações, seguido de 70% no setor de transportes e 57% na cadeia de suprimentos de defesa. Além disso, durante exercícios militares, a China realizou ataques de negação de serviço (DDoS) contra os setores financeiro e de transporte, intensificando o impacto das ameaças.
Entre as infraestruturas críticas visadas pelos hackers estão sistemas de rodovias e portos, com o objetivo de causar interrupções nos serviços de transporte e logística de Taiwan. O NSB também identificou colaboração entre hackers chineses e indivíduos privados para vender dados pessoais roubados, além de ações de espionagem industrial e roubo de tecnologia patenteada.
O relatório também aponta que hackers chineses têm utilizado dados roubados para fins como espionagem industrial e venda de informações pessoais, além de visar setores estratégicos para comprometer sistemas críticos e causar interrupções.
Desinformação chinesa
O documento ainda cita o aumento de 60% nas campanhas de desinformação promovidas pela China em 2024, conforme relatado em outra publicação do NSB na última sexta-feira (3). A combinação de ataques cibernéticos e desinformação faz parte de uma estratégia mais ampla de pressão e intimidação contra Taiwan.
A análise reforça a necessidade de reforço na cibersegurança do país, sobretudo em setores-chave, para mitigar os riscos crescentes representados pelas ações chinesas. Segundo o NSB, o governo taiwanês deve continuar investindo em estratégias defensivas para proteger sua soberania digital.