Em um desdobramento surpreendente na guerra entre Rússia e Ucrânia, tropas norte-coreanas teriam capturado, pela primeira vez, uma vila na região russa de Kursk. A operação, que resultou na tomada da vila de Plekhovo, abre um novo capítulo sobre o envolvimento da Coreia do Norte no conflito e marca uma escalada na cooperação militar entre Moscou e Pyongyang. As informações foram divulgadas por blogueiros militares e reproduzidas pela revista Newsweek.
De acordo com o canal do Telegram Romanov Light, “Plekhovo foi tomada exclusivamente por forças de operações especiais da Coreia do Norte. Em duas horas, eles passaram como um furacão, não fizeram prisioneiros. O inimigo perdeu mais de 300 soldados”. Relatos adicionais indicam que a operação foi realizada de forma rápida e sem capturar prisioneiros.
O blogueiro militar russo Yuri Kotenok afirmou no Telegram que as forças norte-coreanas cruzaram um campo minado antes de tomar a vila em aproximadamente duas horas e meia. “Eles caminharam dois quilômetros por um campo minado, invadiram a vila com a velocidade da luz e destruíram o contingente de ocupação da Ukrovermacht”, escreveu.
Após a captura, relatos indicam que unidades russas reivindicavam os louros da vitória. “Duas brigadas estão discutindo sobre quem chegou primeiro ao assentamento, agora controlado por especialistas coreanos”, afirmou outra publicação no Telegram.
Enquanto isso, imagens divulgadas pelo First Source Report mostram o que seria o rescaldo da batalha, com soldados evacuando feridos da vila. No entanto, há controvérsias sobre a origem das tropas retratadas nas imagens. Algumas fontes sugerem que seria da 810ª Brigada de Fuzileiros Navais russos, embora isso não descarte a participação de norte-coreanos na operação.
Conflito em escalada
O think tank Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, da sigla em inglês), com sede em Washington, relatou combates intensos na região de Kursk. Em 11 de dezembro, as forças russas retomaram o controle de Plekhovo e de outras duas aldeias próximas, Darino e Novoivanovka.
O envolvimento de soldados norte-coreanos na guerra não é novidade. Em outubro, os Estados Unidos confirmaram que Pyongyang enviou cerca de 10 mil combatentes para apoiar a Rússia, com até 12 mil desses combatentes posicionados na região de Kursk.
Fontes indicam que as tropas se envolveram em combates ativos contra forças ucranianas na região de Kursk em novembro.
Apesar de sua reputação, os soldados enviados à Rússia parecem ser uma linha de frente composta por recrutas menos experientes, usados como teste inicial para futuras operações mais elaboradas.
Para alguns analistas, a escolha de soldados menos qualificados faz parte da estratégia norte-coreana. James JB Park, ex-oficial de defesa sul-coreano, sugeriu ao The Wall Street Journal que o líder norte-coreano talvez esteja usando essa primeira leva de soldados para “abrir caminho” para tropas mais experientes em uma etapa posterior, dependendo do desenrolar do conflito.
Silêncio diplomático
Até ao momento, os governos da Ucrânia, Rússia e Coreia do Norte não comentaram oficialmente o incidente. A reportagem também tentou contato com as embaixadas e ministérios de defesa envolvidos, mas não obteve resposta.