Xi Jinping admite dificuldades econômicas na China para o ano de 2024

Empresas enfrentam problemas, e aqueles que buscam emprego têm dificuldade para se colocar no mercado, disse o presidente

Durante seu tradicional discurso de Ano-Novo no último domingo (31), o presidente Xi Jinping não escondeu as dificuldades enfrentadas pelas empresas na China e a batalha que os desempregados estão travando para encontrar oportunidades. Essa admissão sinaliza uma mudança de comportamento, já que é a primeira vez que Xi aborda desafios econômicos em suas mensagens anuais desde que assumiu a rédeas do gigante asiático em 2013. As informações são da rede CNN.

A situação é crítica para a segunda maior economia do mundo, que enfrenta, além do crônico problema imobiliário, uma desaceleração estrutural, evidenciada por uma demanda em queda, aumento do desemprego entre os jovens e uma confiança empresarial em declínio.

Em seu pronunciamento televisionado, o líder reconheceu o cenário delicado, admitindo dificuldades em empresas e na inserção da população no mercado de trabalho. Diante da situação, ele expressou compromisso em fortalecer e impulsionar a recuperação econômica.

“Algumas empresas passaram por momentos difíceis. Algumas pessoas tiveram dificuldade em encontrar emprego e satisfazer necessidades básicas”, disse Xi, que prometeu: “Consolidaremos e fortaleceremos o dinamismo da recuperação econômica”.

Recessão coloca incertezas no horizonte chinês (WikiCommons)

Antes do discurso de Xi, o Gabinete Nacional de Estatísticas (DNE) divulgou seu mais recente Índice de Gestores de Compras (PMI, na sigla em inglês) mensal, revelando que a atividade fabril em dezembro atingiu seu ponto mais baixo em seis meses.

O PMI industrial oficial registrou 49 no mês passado, em comparação com 49,4 em novembro, de acordo com o comunicado do DNE. Para contextualizar, uma leitura acima de 50 indica expansão, enquanto abaixo desse valor representa contração. Dezembro marcou também o terceiro mês consecutivo de contração no PMI industrial.

Anatomia da crise

O robusto setor industrial chinês enfrentou desafios significativos ao longo de 2023, experimentando uma contração no PMI oficial industrial por cinco meses consecutivos após uma breve recuperação no primeiro trimestre. A economia do país continua a lidar com várias questões, incluindo uma crise imobiliária prolongada, altos índices de desemprego entre os jovens – que atingiu níveis alarmantes em 2023 entre aqueles com idade de 16 a 24 anos no contexto pós pandemia –, persistentes pressões deflacionárias e pressão financeira em ascensão nos governos locais.

Beijing busca estimular o crescimento e o emprego com medidas de suporte implementadas no último ano, prometendo intensificar a política fiscal e monetária em 2024. No entanto, a crescente abordagem estatista do governo, com ênfase no controle estatal sobre os assuntos econômicos, preocupa empresários.

A repressão governamental às empresas, em nome da segurança nacional, gera apreensão entre os investidores internacionais. Em 2023, a China implementou uma nova lei que amplia a definição de espionagem, aumentando a complexidade e os desafios para empresários estrangeiros que desejam operar com segurança no país.

Questão Taiwan

Xi também abordou uma das questões mais sensíveis para Beijing ao reiterar firmemente o compromisso de reunificar a China e Taiwan, apenas duas semanas antes das eleições presidenciais na ilha semiautônoma, programadas para 13 de janeiro.

Em contraste com seu tom mais conciliatório no ano anterior, o presidente declarou que a China “certamente será reunificada”, instando todos os chineses em ambos os lados do Estreito de Taiwan a compartilharem o propósito comum e “a glória do rejuvenescimento nacional”.

Essas afirmações refletem a importância estratégica que Xi atribui à questão de Taiwan, considerada uma peça-chave para seu objetivo mais amplo de posicionar a China como potência global. O Partido Comunista Chinês (PCC) mantém sua reivindicação sobre Taiwan, não excluindo o uso da força para alcançar essa reunificação, apesar de nunca ter exercido controle direto sobre a ilha.

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