China vê Brasil como alternativa aos EUA para ampliar comércio e tecnologia, aponta jornal

South China Morning Post afirma que laços bilaterais avançam para áreas estratégicas, como energia limpa, dados e inteligência artificial

Com as relações entre China e EUA sob forte tensão comercial e tecnológica, o Brasil tem se consolidado como uma alternativa estratégica crucial para Beijing. É o que aponta um editorial publicado pelo South China Morning Post, jornal sediado em Hong Kong. Segundo o texto, os dois países têm ampliado suas parcerias para além das commodities, com foco em setores como energia renovável, serviços digitais e inteligência artificial.

O editorial cita como exemplo uma missão recente organizada pelo banco BTG Pactual, que levou mais de 20 empresários brasileiros a Beijing, Xangai, Shenzhen e Hong Kong. A viagem, segundo o jornal, teve como objetivo estreitar relações com empresas e autoridades chinesas, em linha com a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China no mês anterior.

Lula e o presidente da China Xi Jinping em 2023 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em 2023, o comércio bilateral atingiu US$ 181,5 bilhões, contra US$ 4,8 bilhões em 2001 — um salto de quase 38 vezes. A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil e responde por mais de 70% das exportações brasileiras de soja, além de mais de 40% das de celulose e petróleo bruto.

Mas, segundo o South China Morning Post, a cooperação está se expandindo para áreas mais sofisticadas. Empresas chinesas de tecnologia veem o Brasil como destino promissor para a instalação de centros de dados, atraídas pela oferta de energia limpa e barata, como a hidrelétrica. O governo brasileiro, por sua vez, tem reduzido tarifas sobre equipamentos para data centers, favorecendo esses investimentos.

A reportagem também menciona o plano da montadora chinesa BYD de inaugurar uma fábrica de veículos elétricos no Brasil até o fim de 2025, sem a recente denúncia de tráfico internacional de pessoas contra a empresa no processo de construção das instalações em Camaçari (BA).

O jornal destaca, ainda, o investimento de US$ 1 bilhão da gigante de entregas Meituan para expandir a plataforma Keeta no país. De acordo com o editorial, o Brasil adota uma postura pragmática e estável, o que o torna um parceiro atraente para empresas chinesas em busca de oportunidades fora do eixo sino-americano.

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