China e Índia surgem como principais financiadores da Rússia durante a guerra

Durante encontro virtual do BRICS, chefe do Kremlin falou com entusiasmo sobre negócios com Beijing e Nova Délhi

Cercado de sanções ocidentais e vendo a economia do seu país ser desintegrada, o presidente Vladimir Putin disse na quinta-feira (23) que a Rússia está redirecionando o comércio para “parceiros internacionais confiáveis”. No caso, o BRICS, agrupamento de países de mercado emergente do qual faz parte ao lado de Brasil, Índia, China e África do Sul e com quem compartilhou em um encontro virtual os desafios enfrentados. As informações são do portal WRAL TechWire.

“Estamos ativamente engajados em reorientar nossos fluxos comerciais e contatos econômicos estrangeiros para parceiros internacionais confiáveis, principalmente os países do BRICS”, disse Putin em seu discurso de abertura durante a reunião de líderes dos países do agrupamento, o primeiro que participa junto de homônimos desde o início da guerra na Ucrânia.

Xi Jinping, Vladimir Putin, Jair Bolsonaro, Narendra Modi e Cyril Ramaphosa (Foto: MRE/Arthur Max)

O chefe do Kremlin falou sobre números do comércio entre a Rússia e os países do BRICS no primeiro trimestre de 2022, que, segundo ele, tiveram crescimento de 38%, chegando a uma cifra de US$ 45 bilhões.

“Os contatos entre os círculos empresariais russos e a comunidade empresarial dos países do BRICS se intensificaram”, disse Putin. “Por exemplo, estão em andamento negociações para abrir cadeias de lojas indianas na Rússia e aumentar a participação de carros, equipamentos e hardware chineses em nosso mercado”.

A sinergia entre essas nações não para por aí. China e Índia têm se beneficiado da compra de barris de petróleo russo com um ótimo preço, aproveitando o aumento das exportações para lá. Em maio, a Arábia Saudita ficou para trás como principal fornecedor de Beijing após as importações de petróleo da Rússia terem atingido um nível recorde.

Putin também falou sobre como tem driblado as penalidades internacionais e as formas como Moscou tem se reinventado para fazer transações sem depender de moedas como o dólar ou o euro. Segundo ele, o sistema russo de troca de mensagens entre instituições financeiras está aberto para conectar bancos dos cinco países.

“Juntamente com os parceiros do BRICS, estamos desenvolvendo mecanismos alternativos confiáveis ​​para acordos internacionais”, disse Putin.

Durante sua fala, o líder russo não perdeu a chance de criticar o Ocidente, a quem acusou de negligenciar “os princípios básicos da economia de mercado”, como o livre comércio.

“Isso prejudica os interesses empresariais em escala global, afetando negativamente o bem-estar das pessoas, na verdade, de todos os países”, declarou.

Embora as sanções internacionais sem precedentes tenham cortado a Rússia de grandes áreas da economia global e feito até o país regredir no tempo, Moscou continua a faturar com as exportações, especialmente com o aumento dos preços da energia.

Dados da Agência Internacional de Energia indicam que as receitas de exportação de petróleo russas subiram para cerca de US$ 20 bilhões em maio.

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