Com números em tendência crescente, o novo coronavírus tem trazido impactos significativos às mulheres de Bangladesh. As mais pobres, incluindo as trabalhadoras domésticas e migrantes, são as mais atingidas pela pandemia no país. A avaliação é da ONU (Organização das Nações Unidas).
Bangladesh tem 10,9 mil casos confirmados para o novo coronavírus e 183 mortes, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgados nesta terça (5).
Em 2019, mais de 700 mil trabalhadores bengalis— cerca de 100 mil eram mulheres — migraram para o exterior. Com as medidas de restrição impostas por diversos países, muitos deles precisaram voltar e agora não têm renda.
Além dos aspectos econômicos, muitos sofrem com o estigma da contaminação e estão sendo evitados em suas comunidades.
Trabalhadoras domésticas
À semelhança do acontece no resto do mundo, a maioria dos trabalhadores domésticos de Bangladesh são mulheres. Para impedir a transmissão do vírus, muitas foram demitidas. As consequências são falta de renda e pouca, senão nenhuma, comida na mesa.
Rani Begum é uma dessas trabalhadoras. Moradora da capital Daca, Begum trabalha meio período em três lares. O marido é puxador de riquixá e também foi forçado a parar de trabalhar por causa do vírus.
Tem sido difícil colocar alimento na mesa. “Hoje cozinhei apenas arroz e legumes para a minha família. Não consigo arranjar peixe ou outra comida”, contou Begum.
Economia informal
Quase 60% das mulheres de todo o mundo trabalham na economia informal, de acordo com a ONU. Com o surto, essas mulheres correm ainda mais riscos econômicos e sociais.
O vírus vem afetando inúmeros pequenos negócios na Índia, como restaurantes e salões de beleza. Namira Hossain é fundadora de uma plataforma online que conecta cozinheiros e clientes e sentiu as consequências da pandemia. São mais de 16 mil cozinheiros registrados, a maioria é de mulheres.
Desde o surto do coronavírus, Hossain teve que fechar seu negócio, pois os entregadores não se sentiam seguros com o trabalho. Muitos cozinheiros acabaram perdendo sua única fonte de renda.
Apesar de ter planos para reabrir assim que as medidas de restrição forem suspensas, Hossain teme consequências, como dificuldade de achar ingredientes ou trabalhadores para fazer as entregas.
Em abril, a primeira-ministra Sheikh Hasina anunciou um pacote de estímulo de cerca de US$ 8,57 bilhões para a economia de Bangladesh. Estão previstos aumento de gastos públicos e programas de previdência social.