ONU: Países devem doar vacinas para Covax antes de imunizar crianças, defende OMS

Até agora, apenas 0,3% de todas as doses da vacina à Covid-19 vão para nações de baixa renda, alertou chefe da OMS

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONUNews, da Organização das Nações Unidas

A OMS (Organização Mundial da Saúde) pediu aos países desenvolvidos para doar vacinas contra a Covid-19 à iniciativa Covax, liderada pela ONU, antes de começarem a inocular crianças e adolescentes.  

Falando a jornalistas em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse compreender a decisão de alguns países, mas pediu que apoiem as nações menos desenvolvidas que precisam dos imunizantes. 

Em países de rendas baixa e média-baixa, o suprimento de vacina é insuficiente para os profissionais de saúde. No momento, apenas 0,3% de todas as doses vão para nações de baixa renda. Tedros afirma que “a vacinação lenta não é uma estratégia eficaz para combater um vírus respiratório mortal.” 

ONU: Países deve doar vacinas para Covax antes de imunizar crianças, defende OMS
Idoso é testado para Covid-19 em Parsa, distrito ao sudeste do Nepal, maio de 2021 (Foto: Divulgação/Unicef Nepal)

Tedros alertou para os perigos do nacionalismo de vacinas. “O mundo testemunha uma catástrofe moral com os países ricos, que compraram a maior parte do suprimento de seringas, vacinando grupos de menor risco”, disse.

Tedros lembrou uma série de novos anúncios de países sobre o compartilhamento de vacinas com a Covax. Depois, foram anunciados dois novos acordos de transferência de tecnologia e conhecimento entre fabricantes internacionais para aumentar a produção. 

Por fim, líderes globais, incluindo mais recentemente o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, pediram a remoção rápida de todas as barreiras comerciais.  

Índia 

A situação na Índia continua sendo extremamente preocupante, com grande número de casos em vários estados, hospitalizações e mortes. A OMS enviou milhares de concentradores de oxigênio, tendas para hospital de campanha, máscaras e outros suprimentos médicos.  

Nepal, Sri Lanka, Vietnã, Camboja, Tailândia e Egito também estão enfrentando picos de casos e hospitalizações. Alguns países nas Américas, continente que teve 40% de todas as mortes globais na semana passada, ainda têm um alto número de casos.  

Tedros afirmou que a Covid-19 já causou mais de 3,3 milhões de mortes, e o mundo “caminha para que o segundo ano da pandemia seja muito mais letal que o primeiro.” 

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Profissional da saúde administra vacina à Covid-19 em hospital de Cundinamarca, Colômbia, fevereiro de 2021 (Foto: PAHO/Karen González)

Esforços 

Também nesta semana, a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) anunciou que está intensificando as doações e a cooperação técnica com os países da América Latina e do Caribe.  

A diretora-geral da agência, Carissa F. Etienne, disse que “o aumento nas hospitalizações na região está desencadeando um desafio sem precedentes na busca por suprimentos de oxigênio.” 

A Opas apoia os países a aumentar a produção de oxigênio e a doar suprimentos essenciais, incluindo 7 mil oxímetros de pulso e quase 2 mil compressores de oxigênio. O braço regional da OMS também ajudou a implantar 26 equipes médicas de emergência em 23 países. 

Além disso, cerca de 400 equipes médicas de emergência e locais de atenção médica alternativos foram estabelecidas, ajudando os países a expandir a capacidade com 14 mil novos leitos hospitalares e mais 1,5 mil leitos de terapia intensiva.

Considerando a propagação da doença, a Opas espera que mais 20 mil médicos e mais de 30 mil enfermeiras e enfermeiros sejam necessários para responder às demandas de UTI em metade dos países da América Latina e do Caribe.  

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