Premiê do Paquistão sofre ‘fritura’ de militares após atuação frágil na crise

Crise após coronavírus acelerou insatisfação das Forças Armadas, que já cobravam solução na Caxemira

O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, têm sido escanteado pela poderosa classe militar do país, após o que foi considerada uma atuação hesitante na resposta ao novo coronavírus. A informação é do jornal britânico “Financial Times”.

A frieza em relação a Khan começou ainda em março. No dia 22, o premiê anunciou que não haveria confinamento no país, onde 71% da população de 200 milhões vive de trabalhos informais, segundo dados do Banco Mundial.

Menos de um dia depois, o major-general Babar Iftikhar, porta-voz dos militares, desautorizou o presidente. O confinamento foi iniciado com supervisão das Forças Armadas, que espalhou tropas por todo o país e coordena a articulação com governos provinciais.

Premiê do Paquistão sofre 'fritura' de militares após atuação frágil na crise
O primeiro ministro do Paquistão, Imran Khan (Foto: Remy Steinegger/Fórum Econômico Mundial)

Segundo o diário britânico, a intenção dos militares é evidenciar diferenças no tratamento à crise do coronavírus. Khan foi ridicularizado nas últimas semanas depois que convocou jovens a “fazer a jihad” contra a pandemia.

O primeiro-ministro tem desagradado os militares, que apoiaram sua eleição em 2018, pela incapacidade de oferecer soluções para problemas como o pleito pela Caxemira, pendência antiga na fronteira com a Índia.

Khan também não soube convencer a comunidade internacional a retomar o envio de recursos para o país, considerado em 2018 pouco eficiente para impedir atividades terroristas.

O Paquistão tem 11 mil casos confirmados e 237 mortes pelo novo coronavírus. O país sofre de subnotificação dos casos da doença, segundo especialistas consultados pelo FT.

Neste ano, a expectativa é a de que o PIB (produto interno bruto) do país caia 1,5%.

O país deve ser o primeiro entre as economias emergentes de maior porte a aderir à iniciativa de alívio no pagamento de dívida externa capitaneada pelo G20.

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