Líderes comunitários do bairro palestino de Kafr ‘Aqab, em Jerusalém, tentam impor medidas de isolamento social para proteger os moradores da região da pandemia do novo coronavírus.
A tentativa foi enfraquecida com a falta de apoio de forças policiais para que as medidas fossem garantidas. As informações são da agência de notícias norte-americana Associated Press.
Considerado “terra de ninguém”, Kafr ‘Aqab é um bairro no norte de Jerusalém Oriental. Por sua localização, a comunidade não está sob jurisdição da autoridade palestina, sediada na vizinha Ramalah, na Cisjordânia.
O bairro, embora esteja a 5,5 quilômetros do território palestino, é demandado por Israel como parte de sua capital unificada. Naquele pedaço de terra sob litígio, há uma população estimada em 120 mil pessoas.
Casos confirmados
Para tentar cumprir a restrição de entradas e saídas do bairro, o conselho montou postos de controles, contando com a ajuda de voluntários locais. Já os comerciantes se recusaram a fechar as portas.
Até o momento, Kafr ‘Aqab tem pelo menos 21 casos confirmados do coronavírus, de acordo com Sameh Abu Rumaila. O palestino chefia um comitê de saúde local, que só funciona com a ajuda de voluntários.
O comitê estima que cerca de 500 pessoas podem ter tido contato com os casos confirmados da doença. No entanto, não há como o grupo exigir o isolamento dessas pessoas.
Rumaila caracteriza o bairro como uma “bomba-relógio”.
O porta-voz do serviço nacional de emergência médica e desastres de Israel afirmou que montou um centro de testes em um posto de controle perto de Kafr ‘Aqab.
Mesmo não podendo entrar no território, enviou médicos que são do bairro para realizar os testes. Mais de 160 exames foram realizados desde o dia 23 de abril, informou o oficial israelense.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), Israel registrou até esta quarta (6) 16,2 mil casos de coronavírus e 237 mortes. Já a autoridade palestina estima mais de 330 casos da doença e duas fatalidades.
Ambos os territórios determinaram fortes restrições para evitar a disseminação do vírus. À medida que a taxa de novas infecções diminui, as duas nações começam a flexibilizar as medidas.