Pior momento da crise é agora, segundo The Economist Intelligence Unit

Retomada econômica depende de imunização; analistas destacam chance de novas ondas de contágio e mais lockdowns

O pior momento da crise gerada pela pandemia, em termos econômicos, é agora. A avaliação é do The Economist Intelligence Unit, que divulgou um relatório no início deste mês.

A fase mais grave da contração deve acontecer até junho. Já a retomada está conectada à recuperação da China, em fase mais avançada da contenção do vírus.

A divisão de inteligência da “The Economist” estima que cerca de 50% da população mundial será infectada pelo novo coronavírus. Entre os casos com sintomas, 20% serão graves. Destes, 1% matará o infectado.

Em 2021, a previsão é de baixa confiança para consumo e investimentos. Isso mesmo em um cenário de demanda reprimida, após a retração econômica deste ano. Continua a política monetária acomodatícia, e os efeitos fiscais dos auxílios concedidos neste ano ainda não serão latentes.

Funcionário desinfeta uma sala de aula de uma escola em Cantão, na China (Foto: Xinhua/Governo da China)

À espera da vacina

A baixa predisposição para consumo e investimento deve continuar até que haja uma vacina. O instituto alerta para a possibilidade de novas ondas do vírus, com reimposições do isolamento e do lockdown. A resultante desses dois fatores seria um aprofundamento da crise.

Entre os problemas gerados pelas medidas, como já se viu até agora, estão a interrupção da retomada econômica e uma novas quebras de setores como turismo e da cadeia de produção global.

As estimativas da EIU pressupõem que os contaminados desenvolverão algum tipo de imunidade. Até agora, não há evidências robustas de que seja o caso.

O problema é que, segundo o relatório, “pesquisas recentes sugerem que uma parcela pequena da população foi infectada, então os níveis de imunidade permanecerão baixos”.

Se uma parte da população for imunizada, seja pela vacina ou pelo contágio, crescem as chances de superação da crise por meio do setor privado. Isso significa que será menor a dependência de políticas de estímulo do governo.

2022: imunização em escala

Para 2022, espera-se já existir uma vacina. O grande desafio do ano será, portanto, fabricar e distribuir a imunização em escala global.

“A humanidade já dominou vírus mortais por meio de vacina antes, mas não em uma população tão grande e com tanta mobilidade”, diz o material.

Antes de a imunização chegar ao público, serão conduzidos testes em animais e em humanos para determinar a dosagem ótima. “Atrasos são prováveis”, afirmam os analistas.

Há uma série de complicadores neste processo. A vacina deve ter alta efetividade e efeitos colaterais baixos, com segurança para o paciente.

A EIU prevê problemas de ordem política na distribuição das vacinas, “provavelmente piores que as controvérsias recentes em torno da distribuição de EPIs (equipamentos de proteção individual).

A EIU cita o exemplo da gripe: “nos melhores anos, a vacina da gripe tem 50% de eficácia, e pode baixar para menos de 10% em certas faixas etárias, especialmente os mais velhos, que são os mais vulneráveis para a Covid-19”.

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