Depoimento: Professora e aluno contam sobre mudanças no ensino na China

Uma das consequências da pandemia do novo coronavírus foi o fechamento de escolas em todo o mundo

Uma das consequências da pandemia do novo coronavírus foi o fechamento de escolas em todo o mundo, após a imposição de medidas de restrição para frear a disseminação do Covid-19.

Na China, onde surgiu a doença, as escolas já reabriram em grande parte do país. Para entender como a pandemia vem afetando o ensino e como os alunos e professores lidaram com a situação, a Unesco entrevistou uma professora de Wuhan e um estudante de Beijing.

Dingfang Guo é professora de psicologia e dá aula para as 8ª e 9ª série. Na escola em que trabalha, as aulas estão ocorrendo virtualmente há dois meses, por meio de vídeos gravados e transmissões ao vivo.

Segundo a professora, foi necessário aprender novas habilidades para fazer o melhor uso das plataformas de ensino à distância. A preparação das aulas se tornou mais longa. “Parece que estou trabalhando o tempo todo”, afirmou.

Além de preparar e dar as aulas, Guo precisa sanar as dúvidas de alunos e de pais, que passaram a assistir aos vídeos junto com os filhos. A professora conta ainda que passou a assistir as aulas ministradas pelos colegas, o que a ajudou a conhecê-los melhor e os aproximou.

Professora e aluno contam sobre mudanças no ensino na China
Funcionário desinfeta uma sala de aula de uma escola em Cantão, na China (Foto: Xinhua/Governo da China)

Saúde e bem-estar

Desde que precisou adotar medidas de isolamento social, a docente afirma estar mais atenta à alimentação e que tem praticado exercícios dentro de casa.

“Nossa escola agenda exercícios físicos e oftalmológicos no programa de ensino à distância dos alunos. Todos os estudantes e professores também precisam relatar diariamente o estado de saúde”, conta.

Guo sente que as pessoas estão mais unidas e mais solidárias, oferencendo diversos tipos de serviço que ajudam a comunidade. “Apoio psicológico, corte de cabelo, compra de suprimentos de necessidade diária. Eu sou grata pelo apoio.”

Como professora de psicologia, ela se preocupa com a saúde mental dos colegas e dos alunos. “Eu tento ser um modelo para os meus estudantes com a minha calma e minha positividade em todas as minhas interações com eles. Na positividade e calma está a força, que eu espero que tanto os pais quanto os alunos possam sentir de mim”, afirma.

Mais tempo

No primeiro momento, a pandemia não mudou a rotina do estudante Zhen Liu, de Beijing. Só quando o ano letivo começou, a escola informou que as aulas seriam virtuais.

“Eu não precisava mais me deslocar entre casa e a escola, o que me poupou algum tempo. Sinto que tenho mais tempo para mim, o que me permitiu aprender mais coisas por conta própria e ter mais tempo para relaxar”, afirmou.

O vírus trouxe algumas incertezas para Liu e o estudante foi ficando mais ansioso em relação à pandemia. As ações da escola, do governo e da própria comunidade são vistas como positivas por ele.

Desafios

Para Liu, um dos desafios desse momento é o ensino online. O estudante afirma que, em alguns momentos, foi difícil não se distrair, já que não há tantas interações quanto em uma sala de aula normal.

O segundo desafio é em relação às atividades físicas. Ele diz sentir falta de praticar esportes. Uma solução foi encontrar novas maneiras de se entreter. “Tenho gostado de ler mais livros e assistir filmes”, afirmou.

No entanto, Liu afirma que, adotadas as medidas de proteção adequadas, as pessoas de sua cidade já conseguem sair um pouco de casa para dar uma caminhada, assim se mantendo ativos.

“É o melhor momento para fazer uso da internet para se manter conectado com amigos e parentes e para continuar aprendendo. Há muitos recursos de aprendizado lá fora. Você deve encontrar um equilíbrio entre estudar e se divertir, e tirar o máximo proveito deste período especial e permitir-se crescer”, completou.

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