A pandemia do novo coronavírus tem trazido resultados catastróficos para a educação em Moçambique, no sudeste da África, aumentando a evasão escolar. O alerta foi feito nesta segunda (25) pela coordenadora residente da ONU Myrta Kaulard e pelo diretor do Banco Mundial no país, Mark Lundell.
O alerta vem menos de um ano após a passagem do ciclone Idai, que afetou 1,85 milhão de pessoas. O desastre danificou 90% da infraestrutura de Beira, maior cidade do país. No entanto, a pandemia pode ter um impacto muito maior, apontam os especialistas.
Desde março deste ano, quase 15 mil escolas e universidades moçambicanas estão fechadas, afetando 8,5 milhões de estudantes. Há evidências de que a suspensão prolongada das aulas esteja relacionada com maior probabilidade de evasão escolar.
Em Moçambique, antes mesmo da pandemia, mais de um terço dos alunos desistiam da escola antes da 3ª série. Menos da metade completa o ciclo primário.
Com a crise, muitas famílias podem ser forçadas a tirar as crianças da escola para que elas trabalhem para aumentar renda da família. Há ainda quem case mais cedo suas filhas.
Esforços
O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique trabalha em parceria com as Nações Unidas e o Banco Mundial para encontrar alternativas para o ensino no país, como o aprendizado à distância.
É preciso, no entanto, garantir que os professores mantenham contato próximo com os alunos, apesar da distância física. Para a maioria das crianças, as rádios comunitárias, que têm sido usadas com sucesso em outros países, será o meio mais acessível de ensino.
Outro desafio é garantir que a merenda escolar chegue a essas crianças, apesar das aulas suspensas. De acordo com a Unesco e o Programa Alimentar Mundial, 370 milhões de crianças estão sem a alimentação oferecida durante as aulas.
Até o último domingo (24), Moçambique tinha 194 casos confirmados do novo coronavírus. Não há registros de morte pela doença no país, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).