Refugiadas internas costuram máscaras para proteger comunidade no Iêmen

Mulheres buscam maneiras de contribuir diante do eminente colapso do sistema de saúde do país

O Iêmen tenta lutar contra a pandemia do coronavírus, em meio à guerra civil e ao colapso de seu sistema de cuidados para a população. As demandas da atual crise de saúde agora se somam aos impactos de cinco anos de conflito, levando o que restou do sistema à ruptura.

Mulheres deslocadas dentro do próprio país por conto dos conflitos estão fazendo o que podem para tentar ajudar. Mesmo no grupo mais vulnerável — elas estão sujeitas a violência de gênero, casamento infantil e tráfico de pessoas —, mulheres e meninas lideram esforços contra a Covid-19.

Em espaços seguros disponibilizados pelo UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), elas já fizeram mais de 15 mil máscaras de proteção, distribuídas em comunidades e acampamentos para desalojados.

“Sei que estou ajudando outras pessoas deslocadas como eu, que têm pouco para se manterem protegidas contra o vírus”, afirmou Deena, originalmente da cidade de Al Hudaydah, cidade costeira no leste do país. “Meu maior medo é que meu país não tenha instalações necessárias para combater o vírus.”

Durante as entregas, a comunidade aprende ainda sobre a maneira correta de usar as máscaras e outras medidas de prevenção contra a doença.

Refugiadas internas costuram máscaras para proteger comunidade no Iêmen
Mulheres deslocadas internamente por conflitos costuram máscaras para proteger comunidades no Iêmen (Foto: RHDH/UNFPA)

Graves consequências

Até esta quarta (20), o país no Oriente Médio registrou 171 casos do coronavírus e 29 mortes. Apesar de os números serem menores que em diversos outros países do mundo, a situação do sistema de saúde no país gera preocupação extra.

A assistência à saúde reprodutiva, por exemplo, está sobrecarregada. Apenas 20% do sistema de saúde é capaz de fornecer serviços materno-infantis. Se a pandemia se espalhar pelo país, as consequências para o atendimento médico e para as comunidades serão catastróficas, alerta o UNFPA.

De acordo com o fundo da ONU, são necessários US$ 59 milhões para financiar as operações humanitárias no país. Sem o recurso, até 140 unidades de saúde reprodutiva correm o risco de fechar, impedindo o atendimento a cerca de 320 mil grávidas.

A UNFPA estima que, sem o serviço, cerca de 48 mil mulheres podem morrer de complicações na gravidez ou no parto.

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