Rússia, Alemanha e França discutem possível uso da vacina Sputnik V na UE

Especialistas da UE verificarão os testes clínicos da Sputnik V em abril; abertura garantirá produção das doses na Europa

Em conversa por videoconferência nesta terça (30), o presidente russo Vladimir Putin, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron discutiram uma possível autorização da vacina da Rússia contra a Covid-19, Sputnik V, na UE (União Europeia).

Segundo a rede alemã Deutsche Welle, a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) iniciou uma revisão rápida das doses ainda no início de março. Especialistas da entidade deverão examinar os resultados dos testes clínicos e seus processos de produção em uma visita à Rússia em abril.

Se aprovados, os próprios países da UE poderão produzir as doses. Merkel já havia manifestado interesse em aderir à Sputnik V após o aval da EMA. A Itália já prevê o início da produção para julho. O trio também manifestou seu apoio a um tratado internacional que prepare os países para futuras pandemias.

Líderes de 23 países, a UE e a OMS (Organização Mundial da Saúde) pedem que haja um compromisso “no mais alto nível político” para melhorar a cooperação nas próximas emergências de saúde.

Moscou, Berlim e Paris discutem possível autorização a vacina russa Sputnik V
Da esquerda para a direita, os chefes de Estado da Rússia, Vladimir Putin; da Alemanha, Angela Merkel; da Turquia, Recep Erdogan; e da França, Emmanuel Macron, em encontro diplomático em Istambul, outubro de 2018 (Foto: Divulgação/Kremlin)

Questões geopolíticas

A reunião entre Putin, Merkel e Macron também discutiu questões de segurança na Ucrânia, na Líbia e na Síria. O apoio foi unânime ao acordo nuclear com o Irã, registrou a Associated Press.

Questionado por Merkel, Putin também respondeu a perguntas sobre o líder da oposição Alexei Navalny, preso na Rússia desde janeiro. O presidente russo afirmou que Moscou “está aberta” para normalizar os laços com a Alemanha.

As relações se deterioraram após o envenenamento de Navalny, que passou cinco meses em recuperação na capital alemã, Berlim. “Estamos prontos para restaurar a interação normal não politizada com a UE se houver interesse nisso”, disse o Kremlin.

Merkel e Macron enfatizaram a necessidade da Rússia de respeitar os direitos do opositor e proteger sua saúde, afirmou o gabinete do presidente francês. Sobre Belarus, os líderes da França e Alemanha concordaram que Minsk deve oferecer um “diálogo nacional inclusivo”.

O presidente belarusso, Alexander Lukashenko, apoiado pelo Kremlin, enfrenta uma onda de rejeição e protestos desde que declarou sua sexta vitória à reeleição, em agosto passado. Putin alertou sobre a interferência estrangeira nos assuntos do país.

Tags: