Afeganistão soma seis assassinatos de jornalistas nos últimos 75 dias

Casos violam trégua de conflitos internos durante negociações de paz entre Cabul e Taleban, iniciadas há um ano

Seis jornalistas foram assassinados no Afeganistão desde o último dia 7 de novembro, registrou a emissora afegã ToloNews. Os casos são parte de uma nova onda de violência desde o início das negociações de paz entre o governo do país e o Taleban, há um ano.

A última vítima foi o diretor da Rádio Sada-e-Ghor, Bismillah Adil Aimaq, morto em um ataque na comunidade de Dara-e-Taimoor, no primeiro dia de janeiro. Homens encapuzados teriam alvejado o jornalista.

Uma semana antes, no dia 24, homens armados mataram o líder do sindicato dos jornalistas da cidade de Ghazni, Rahmatullah Nikzad, a poucos metros da entrada de sua casa.

Afeganistão soma seis assassinatos de jornalistas nos últimos 75 dias
Jornalistas durante assembleia da ONU, em setembro de 2019 (Foto: Laura Jarriel/UN Photo)

Outros profissionais da imprensa mortos são o ex-apresentador da ToloNews Yama Siawash, o repórter da rádio Azadi Elyas Daee, a apresentadora da Enekaas TV Malalai Maiwand e o apresentador do Ariana News Fardin Amini.

Além dos jornalistas, outros dez ativistas e líderes comunitários foram mortos em ataques direcionados desde o final do ano passado.

Medo fecha empresas

Em janeiro, funcionários do Diretório Nacional de Segurança afegão anunciaram a prisão de “vários suspeitos” envolvidos no assassinato de Yama Siawash. O governo, contudo, não revelou a identidade dos agressores.

Desde então, profissionais relatam medo cotidiano de seguir trabalhando. “Todos os dias tememos ameaças ao vir para a redação”, disse a jornalista da rádio Kunduz, Fariba Farahmand.

A repórter é uma das poucas mulheres que permaneceram trabalhando após os assassinatos de jornalistas no Afeganistão. Duas emissoras saíram do ar em Kunduz, no norte do país, por falta de recursos humanos e financeiros para seguir trabalhando.

Em 2016, o Taleban atacou o Grupo Moby, fundador da ToloNews, e matou sete funcionários. No ano passado, 50 jornalistas foram mortos no mundo, conforme a organização Repórteres Sem Fronteiras.

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