Agentes russos teriam relação com envenenamento do escritor Dmitry Bykov, revela investigação

Assim como Navalny, Bykov quase morreu após adoecer repentinamente em um voo em abril de 2019

Agentes de segurança ligados ao FSB (Serviço de Inteligência da Rússia) estariam por trás do envenenamento do jornalista e escritor Dmitry Bykov. A conclusão tem base em uma investigação dos sites russos The Insider e Bellingcat.

Assim como Alexei Navalny, Bykov quase morreu ao adoecer repentinamente durante uma turnê de palestras, em abril de 2019. Um dos principais intelectuais russos, o jornalista passou mal no aeroporto de Yekaterinburg.

Registros de voos e dados de chamadas telefônicas apontam que os mesmos agentes responsáveis pelo envenenamento de Navalny podem ter envenenado Bykov com uma dose tóxica de novichok.

Agentes russos teriam relação com envenenamento do escritor Dmitry Bykov, revela investigação
O escritor russo Dmitry Bykov em palestra na Biblioteca de Moscou, maio de 2017 (Foto: Divulgação/Mark Nakoykher)

O veneno teria sido aplicado nas roupas do escritor enquanto ele estava fora de seu quarto de hotel em Novosibirsk. O mesmo estabelecimento era onde Navalny e seus aliados planejavam se hospedar durante a viagem à Sibéria, em agosto de 2020.

“Sim, eles tentaram me envenenar”, disse Bykov ao diário “The Moscow Times”. Ele disse não ter envolvimento na investigação. Porta-vozes do FSB e Kremlin não responderam aos pedidos de comentário.

Os agentes realizaram o mesmo tipo de operação com o escritor e o político. Oficiais seguiram ambos em viagens pela Rússia por mais de um ano antes da tentativa malsucedida de assassinato. O mesmo teria ocorrido com outro político, Vladimir Kara-Murza, em 2015 e 2017.

Repressão a opositores

As investigações vêm à tona em meio ao aumento da repressão do Kremlin contra opositores. Nesta quarta (9), o Tribunal de Moscou formalizou a proibição de todas as organizações vinculadas a Navalny, pavimentando a repressão contra as entidades vinculadas ao político, já classificadas como “extremistas”.

A decisão ocorre meses antes das eleições parlamentares, marcadas para setembro. Aliados a Navalny, a voz mais proeminente contra Vladimir Putin, planejavam usar a Fundação Anticorrupção para alavancar suas candidaturas ao pleito. Com a organização proibida, os poucos opositores que permanecem no país não poderão concorrer.

Moscou já proibiu mais de 30 grupos de ativismo civil sob a lei que criminaliza as chamadas “organizações indesejáveis”. O parlamento russo deve votar ainda neste ano outro projeto de lei que aumenta a punição a membros desses grupos. O Kremlin nega que as recentes prisões tenham relação política.

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