Autoridade eleitoral alemã confirma novo ataque cibernético e volta a acusar Moscou

Responsável pela ação maliciosa seria um grupo russo que empreendeu a campanha maliciosa “Ghostwriter” para espalhar desinformação online

Berlim confirmou a informação de que um ataque cibernético interrompeu, no mês passado, o site da autoridade responsável pelas eleições gerais de 26 de setembro na Alemanha. O caso foi o primeiro de uma série de situações que levaram o governo a abrir uma investigação para apurar possíveis ações da Inteligência russa contra políticos locais, segundo o portal Expatica.

“No final de agosto, o site da Comissão Nacional de Eleições [Der Bundeswahlleiter] teve acessibilidade limitada por apenas alguns minutos devido a um mau funcionamento”, disse o porta-voz do órgão quando questionado sobre o relatório do ciberataque.

Citando fontes do governo, a autoridade explicou que os sistemas de TI (tecnologia de informação) necessários para a eleição não foram comprometidos, segundo ele, possivelmente devido à efetividade de proteções extras.

Rússia tem sido frequentemente acusada de se intrometer em eleições democráticas (Foto: Clint Patterson/Unplash)

A inteligência alemã acredita também que hackers russos tentaram acessar contas de e-mail privadas de membros dos parlamentos federal e estaduais através de mensagens phishing, uma ação maliciosa de envio de mensagens que, se abertas, permitem o acesso a informações confidenciais. As suspeitas recaem sobre o serviço de inteligência militar russo (GRU).

O caso, relatado pela primeira vez pelo portal de notícias Business Insider, foi investigado por promotores federais alemães, que analisaram as ofensivas cibernéticas contra legisladores durante a campanha para o pleito que definirá um novo parlamento e o sucessor da chanceler Angela Merkel.

A União Europeia (UE) e os Estados Unidos têm frequentemente acusado a Rússia de intromissão em eleições democráticas. O Kremlin nega.

Recentemente, a empresa norte-americana Prevailion, especialista em inteligência cibernética e segurança digital, obteve novas informações sobre os hackers do grupo russo UNC1151, que Washington acredita atuarem a serviço do Kremlin. A constatação é de que o grupo é muito mais poderoso do que se imaginava, o que reforça as suspeitas de apoio estatal para manutenção de tamanha infraestrutura. 

Por que isso importa?

As relações entre Berlim e Moscou estão estremecidas desde 2014, quando da anexação pela Rússia da região da Crimeia, na Ucrânia. À época, a UE (União Europeia) também se posicionou contra o Kremlin e proibiu a venda a empresas russas de bens de dupla utilização, que possam também ter uso militar.

De lá para cá, a relação entre a UE, capitaneada pela Alemanha, e a Rússia só piorou. Em 2020, Berlim se envolveu em uma crise diplomática com Moscou após o envenenamento do opositor ao Kremlin Alexei Navalny.

Paralelamente, as atividades russas de espionagem na Alemanha têm aumentado muito, atingindo níveis semelhantes aos dos tempos de Guerra Fria.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da UE, o que a torna forte influenciadora no bloco. Inclusive em questões referentes à Rússia.



Tags: