China busca ‘unificação étnica’ com genocídio de uigures, aponta relatório

ONG vê tentativa de 'fundir' as 55 minorias étnicas do país à maioria han e diminuição da presença de instituições religiosas

Um novo relatório divulgado pelo Instituto de Estratégia e Política Newline, sediado em Washington, na sexta-feira (12), acusa a China de buscar uma “unificação étnica” ao fomentar genocídio contra os uigures de Xinjiang.

O documento tem base em relatos de mais de dez mil testemunhas, imagens de satélite e documentos públicos do governo chinês. “Tudo aponta para o objetivo brutal de fundir as 55 minorias étnicas do país à cultura majoritária han“, concluiu a investigação.

As testemunhas disseram ter presenciado assassinatos, esterilização forçada e maus tratos em “campos de concentração”, estruturas para “reeducar” a população que se multiplicaram desde 2017.

Beijing busca 'unificação étnica' com genocídio de uigures, aponta relatório
Igreja cristã destruída por máquinas do governo chinês em Fengxiang, na província de Shaanxi, em abril de 2019 (Foto: Reprodução/Facebook/China Aid)

Denúncias também apontam maus tratos, trabalho forçado e prisões arbitrárias nesses locais. “A evidência é clara: a China está claramente violando a Convenção do Genocídio de 1948”, afirmou o coautor do relatório e diretor do Instituto Newlines, Azeem Ibrahim, à emissora CBN.

Segundo Ibrahim, Beijing já deu início a um “processo de sinicização” em toda a China. “Não são apenas os muçulmanos uigures, que estão entre os mais proeminentes”, disse. “Existem outras minorias nessa lista, como os cazaques, uzbeques e minorias cristãs. Há um processo para demolir igrejas”.

Conforme os relatos, o governo chinês estaria encorajando a migração de pessoas han a Xinjiang para casarem-se à força com mulheres uigures e, assim, “diluir a identidade de seus filhos”, diz o relatório.

“Este é um processo muito calculado e pensado a partir do aparato estatal da China”, disse Ibrahim. Beijing nega as acusações de perseguição étnica. “É apenas um boato com segundas intenções”, disse o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.

Perseguição a outras religiões

Além da perseguição à minoria muçulmana, Beijing já censurou as palavras “Cristo” e “Jesus” de publicações e removeu cruzes de torres pelo país. A China também anunciou a publicação de sua “própria versão” de textos religiosos em 2020.

Uma lei proíbe que menores de 18 anos sejam expostos a dogmas religiosos no país. Na prática, crianças não podem ser batizadas, frequentar cerimônias religiosas ou receber educação de qualquer doutrina espiritual.

Um caso emblemático é o de Jia Xuewei, perseguido por mais de um ano pela polícia de Chengdu por se recusar a deixar a religião cristã, relatou a organização católica internacional Persecution. Para evitar que retornasse ao seu apartamento alugado, autoridades ordenaram o corte de energia e água durante o inverno.

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