Latinos têm lideranças para deixar eurocentrismo, diz pesquisadora

Intelectuais latinos apresentam saída ao eurocentrismo colonial ainda impregnado na cultura da América Latina

Material publicado originalmente no Jornal da USP (Universidade de São Paulo)

A América Latina possui intelectuais e lideranças políticas capazes de se desvencilhar do eurocentrismo, apontou a professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Angélica Lovatto.

Em entrevista ao podcast Brasil Latino, da Rádio USP, a pesquisadora afirmou que a produção de uma reflexão autônoma é possível – inclusive no Brasil, um país conhecido por negar suas origens latino-americanas.

A percepção europeia, segundo ela, segue impregnada no continente ocupado, majoritariamente, por portugueses e espanhóis. “Houve uma espoliação típica do processo de colonização“, afirma.

América Latina tem lideranças para se desvencilhar do eurocentrismo, aponta pesquisadora
Manifestantes protestam pelo fim da ditadura chilena na Avenida Perú da capital Santiago, em agosto de 1987 (Foto: Flickr/Paulo Slachevsky)

“O resultado do eurocentrismo é o controle das metrópoles centrais sobre os países da periferia, evitando assim movimentos soberanos e de ruptura com a dependência econômica“.

O processo de globalização do capitalismo contribuiu para o enfraquecimento das nações latino-americanas. Em consequência, desestabilizações políticas e dificuldades extremas para a consolidação da democracia ainda deixam raízes profundas nos países do continente.

Alguns teóricos, no entando, já produziram obras de retração ao domínio colonial. São exemplos os peruanos José Carlos Mariategui e Victor Haya de la Torre, além do cubano José Martí.

Outras referências no pensamento político mundial são os centro-americanos Augusto Cesar Sandino e Farabundo Martí. “O continente tem o que oferecer para a cada vez mais necessária reflexão sobre o seu futuro”, pontuou Lovatto.

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