Líderes hindus que destruíram mesquita histórica são absolvidos na Índia

Tribunal absolveu 32 dos 49 acusados de destruição de templo, em 1992, em local disputado por hindus e muçulmanos

Os líderes hindus acusados pela destruição da histórica mesquita de Babri Masjid, em 1992, foram absolvidos por um tribunal da Índia nesta quarta (30). O local é alvo de longa disputa entre hindus e muçulmanos.

De acordo com a BBC, o ex-vice-primeiro-ministro, L. K. Advani, e os líderes do partido Bharatiya Janata, M. M. Joshi e Uma Bharti, negaram ter incitado extremistas a demolir a estrutura do século 16, na cidade de Aiódia, próxima a fronteira com o Nepal.

O veredito absolveu 32 dos 49 acusados. Outros 17 morreram durante o processo. De acordo com o tribunal, não há evidências para comprovar que a demolição foi planejada.

Líderes hindus que destruíram mesquita histórica são absolvidos na Índia
Vista de parte da cidade histórica de Ayodhya (Foto: Ayodhya Tourism)

Cerca de duas mil pessoas morreram com a violência gerada pela demolição, em 6 de junho de 1992. Desde então o espaço tornou-se palco de um conflito entre a maioria hindu e a minoria muçulmana da Índia.

Para os hindus, a mesquita foi construída sobre o local de nascimento da divindade Rama.

Em 2019, a Suprema Corte encerrou uma outra batalha legal de décadas e concedeu as terras da antiga mesquita aos hindus. Em agosto, o premiê indiano, Narendra Modi, do Bharatiya Janata, lançou a pedra fundamental do que deverá se um templo hindu em homenagem ao deus Rama no local.

Como compensação, a comunidade muçulmana recebeu um terreno de cinco acres, o equivalente a pouco mais de dois campos de futebol, para construção de uma nova mesquita.

Muçulmanos condenam decisão

Após o veredito, grupos muçulmanos e oposicionistas criticaram as absolvições. O Grupo de Apoio Legal aos Muçulmanos na Índia afirmou que vai recorrer da decisão.

“Havia policiais, jornalistas, funcionários do governo como testemunhas. Todos estavam mentindo?”, questionou o advogado do conselho, Zafaryab Jilani.

Para especialistas, o veredito deve aprofundar ainda mais a retaguarda dos muçulmanos na Índia.

“Quando o mais flagrante ato de desafio à lei na Índia moderna fica impune, que esperança tem o indiano comum, sobretudo se pertence a uma minoria, de garantir justiça?”, apontou a cientista política Zoya Hasan.


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