A importação de armas por países da Europa disparou nos últimos cinco anos, refletindo mudanças no equilíbrio do mercado global de defesa. Segundo um relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), a participação europeia nas importações de armamentos subiu de 11% entre 2015 e 2019 para 28% entre 2020 e 2024, um crescimento de 155%. Quem também aumentou o investimento em defesa de forma significativa entre os dois períodos foi o Brasil.
Os europeus que integram a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foram os principais responsáveis por essa escalada, dobrando suas compras de armamentos nesse período. Os EUA forneceram 64% dessas importações, consolidando sua posição como o maior exportador de armas do mundo.
“Os novos números de transferências de armas refletem claramente o rearmamento que está ocorrendo entre os estados da Europa em resposta à ameaça da Rússia”, disse Mathew George, diretor do Programa de Transferências de Armas do Sipri. “No entanto, alguns grandes importadores de armas, incluindo Arábia Saudita, Índia e China, viram grandes declínios nos volumes de importação por uma variedade de razões, apesar das altas percepções de ameaça em suas regiões.”

A Ucrânia, em função da guerra contra a Rússia, que já ultrapassou a marca de três anos, se destacou como o maior comprador na Europa, respondendo por 8,8% das importações globais, com um aumento expressivo de quase cem vezes em relação ao período anterior.
Enquanto a Europa se arma, a Rússia enfrenta um declínio significativo no setor. As exportações russas de armamentos caíram 64% entre 2020 e 2024, reduzindo sua participação no mercado global de 21% para apenas 7,8%. Esse encolhimento abriu espaço para a França, que superou a Rússia e se tornou o segundo maior exportador de armas do mundo, com a mesma fatia de mercado dos russos.
A França, que superou a Rússia e se tornou o segundo maior exportador de armas do mundo, com a mesma fatia de mercado dos russos. A Turquia, por sua vez, consolidou-se como um player emergente no setor. Com um crescimento de 103% nas exportações de armas, o país passou a deter 1,7% do mercado global, tendo como principais compradores os Emirados Árabes Unidos, o Paquistão e o Catar. Ao mesmo tempo, suas importações caíram 33%, refletindo investimentos em sua indústria de defesa para reduzir a dependência externa.
“Com uma Rússia cada vez mais beligerante e relações transatlânticas sob estresse durante a primeira presidência de Trump, os Estados europeus da Otan tomaram medidas para reduzir sua dependência de importações de armas e fortalecer a indústria de armas europeia”, disse Pieter Wezeman, pesquisador sênior do Programa de Transferências de Armas do Sipri.
O caso do Brasil
O Brasil ampliou significativamente suas importações de armas nos últimos anos, registrando um aumento de 77% entre os períodos de 2015-2019 e 2020-2024. Esse crescimento fez com que o país respondesse por quase metade de todas as aquisições de armamentos na América do Sul, atingindo 49% do total importado pela região no último período analisado.
No cenário sul-americano, a França se destacou como principal fornecedora de armas, sendo responsável por 30% das importações da região. Em seguida, os EUA e o Reino Unido também desempenharam um papel relevante no mercado, com participações de 12% e 11%, respectivamente.