Itália é contra a proibição da UE de carros não elétricos em 2035: “Decisão maluca”, diz ministro

Ministro das Relações Exteriores afirma que proibição pode impactar 70 mil empregos, e destaca não ser "negacionista" das mudanças climáticas

A Itália reafirmou sua resistência à decisão da União Europeia (UE) de proibir veículos e motores não elétricos a partir de 2035, conforme relatado pela mídia local.

Em um discurso na Federação das Empresas de Transporte (Conftrasporto, da sigla em italiano) na quinta-feira (23), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, expressou sua preocupação com as implicações dessa proibição.

Ele classificou a decisão como “maluca”, argumentando que interromper completamente a produção de veículos e motores não elétricos em 2035 resultaria na perda de 70 mil empregos no país, segundo informações repercutidas pela agência de notícias estatal Ansa.

Carros elétricos carregando em Roma, Itália (Foto: WikiCommons)

Enfatizando que não nega a existência das mudanças climáticas, Tajani expressou que a luta contra essas alterações no planeta não deve ser tratada como uma “religião”, com “dogmas indiscutíveis” que impõem metas inalcançáveis às empresas.

Além disso, Tajani defendeu que a proteção ambiental não deve ser realizada à custa da destruição da indústria, da agricultura e das empresas. Ele argumenta que é necessário encontrar um equilíbrio entre a sustentabilidade ambiental e a viabilidade econômica.

Emissão zero

Em julho de 2021, a UE propôs uma proibição de vendas de carros com motores a combustão a partir de 2035 como parte de sua iniciativa climática para impulsionar a adoção de veículos elétricos. O Parlamento Europeu estabeleceu metas ambiciosas, buscando uma redução de 50% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030 e atingir 100% de redução até 2035, com 56% dos votos favoráveis.

O transporte em ruas e estradas, responsável por 20% de todas as emissões de CO2, tornou-se um foco central. No entanto, soluções mandatórias e prazos específicos ainda não foram determinados para caminhões e ônibus a diesel, que representam pelo menos 5% dessas emissões.

Os eurodeputados adotaram uma abordagem flexível, permitindo três opções: carros elétricos a bateria, eletropilhas a hidrogênio que alimentam motores elétricos e até mesmo motores a combustão interna movidos exclusivamente a hidrogênio, que emitem apenas vapor d’água pelo escapamento.

A expectativa é que até 2035, a Europa tenha 130 milhões de carros elétricos nas estradas, em comparação com os cerca de 3,3 milhões atuais, representando um salto significativo de cerca de 1% para quase 50% do total de veículos.

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