Canadá e EUA condenam sentença imposta pela China a canadense: ‘Inaceitável’

Michael Spavor, que havia sido julgado em março, conheceu os termos de sua condenação: 11 anos de prisão

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, chamou de “absolutamente inaceitável” a sentença de 11 anos de prisão determinada pela Justiça da China contra o empresário canadense Michael Spavor, anunciada nesta quarta-feira (11). O premiê cobrou a imediata soltura de Sparor, de acordo com a agência Reuters.

“O veredito contra Spavor vem depois de mais de dois anos e meio de detenção arbitrária, falta de transparência no processo legal e um julgamento que não satisfez nem mesmo os padrões mínimos exigidos pelo direito internacional”, disse o líder canadense.

O canadense Michael Spavor é uma das vítimas do sistema de detenções sem julgamento na China (Foto: Wikimedia Commons)

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acompanhou Trudeau e disse que a sentença é uma tentativa de Beijing de usar pessoas como “moeda de troca”. “A prática de deter indivíduos arbitrariamente para exercer influência sobre governos estrangeiros é completamente inaceitável”, afirmou.

Além da pena de prisão, Spavor terá seus bens confiscados num valor equivalente a 50 mil yuans (R$ 40,3 mil). Ele foi julgado e condenado em março deste ano, mas a sentença só foi divulgada agora. A pena possível para o crime no qual canadense foi enquadrado era de 5 a 20 anos de prisão.

Retaliação

A detenção de Spavor, em dezembro de 2018, ocorreu poucos dias depois de o Canadá ter prendido a executiva Meng Wanzhou, da Huawei, devido a um mandado de prisão internacional expedido pelos Estados Unidos. Ela é acusada de enganar um banco sobre o relacionamento da empresa com uma companhia do Irã sancionada pelos EUA.

Meng deve comparecer a um tribunal canadense nos próximos dias para a audiência final que julgará o pedido de extradição para os EUA.

Além de Spavor, a China prendeu na mesma época o ex-diplomata canadense Michael Kovrig, acusado do mesmo crime que o compatriota. O julgamento foi igualmente realizado em março, e o veredito ainda não foi divulgado.

O terceiro caso supostamente associado à complicada teia de eventos diplomáticos entre Canadá, EUA e China é o do canadense Robert Lloyd Schellenberg, que na terça-feira (10) teve confirmada a pena de morte por tráfico internacional de drogas. Ele é acusado de traficar cerca de 220 quilos de metanfetamina.

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