China sofrerá o maior êxodo de milionários no mundo em 2023, com o Brasil em quinto lugar

Estudo de consultoria de migração de investimentos destaca a desaceleração do crescimento geral da riqueza na China nos últimos anos

Dona da segunda maior economia e da segunda maior população do mundo, a China deve sofrer o maior êxodo de milionários em todo o planeta neste ano. O Brasil aparece em quinto lugar no estudo divulgado na terça-feira (13) pela consultoria de migração de investimentos Henley & Partners.

O relatório considera como milionários os indivíduos com patrimônio para investimento de US$ 1 milhão ou mais. No caso chinês, a previsão é de que 13,5 mil pessoas nessas condições emigrem neste ano, contra 10,8 mil no ano passado.

Xangai, a maior e mais cosmopolita cidade da China (Foto: Henry Chen/Unsplash)

“O crescimento geral da riqueza na China tem desacelerado nos últimos anos, o que significa que as recentes saídas podem ser mais prejudiciais do que o normal”, avalia Andrew Amoils, chefe de pesquisa da empresa de análises New World Wealth. “A economia da China cresceu fortemente de 2000 a 2017, mas a riqueza e o aumento de milionários no país foram insignificantes desde então.”

A segunda posição da lista é ocupada pela Índia, que deve perder neste ano 6,5 mil milionários, uma queda de mil indivíduos em relação aos 7,5 mil êxodos de 2022. Amoils, porém, minimiza os números, argumentando que “essas saídas não são particularmente preocupantes porque a Índia produz muito mais novos milionários do que perde para a migração.”

Quem aprece de forma surpreendente na terceira colocação é o Reino Unido, com 3,2 mil milionários previstos para irem embora neste ano, o dobro do ano passado. Segundo o relatório, o êxodo começou com o Brexit de 2016, tanto que foi no ano seguinte, 2017, que o país registrou a maior quantidade de saídas.

Segundo o professor Trevor Williams, ex-economista-chefe do Lloyds Bank Commercial, “o Brexit tornou o Reino Unido menos hospitaleiro e receptivo” aos milionários. E justifica o argumento: “Agora é mais difícil para eles se moverem entre o Reino Unido e os países da UE (União Europeia). E as evidências mostram que a participação do Reino Unido no investimento interno na Europa diminuiu desde que ele deixou a UE, com a Alemanha e a França se beneficiando.”

Os britânicos aparecem na relação à frente inclusive da Rússia, aposta lógica para enfrentar um grande êxodo devido à guerra da Ucrânia. Os russos perderão três mil milionários neste ano, contra os oito mil de 2022, número diretamente atrelado ao conflito. Já o Brasil, quinto da relação, verá a saída de 1,2 mil milionários em 2023, sendo que no ano anterior perdeu 1,8 mil.

Do outro lado da balança, a Austrália aparece como país que mais receberá novos milionários em 2023. Serão 5,2 mil, à frente dos Emirados Árabes Unidos, que devem atrair 4,5 mil indivíduos nessas condições neste ano. Singapura (3,2 mil), Estados Unidos (2,1 mil) e Suíça (1,8 mil) completam o top 5.

“A estabilidade política é a métrica chave para quem escolhe onde quer morar, juntamente com regimes de baixa tributação e liberdade pessoal”, analisa Misha Glenny, reitor do Instituto de Ciências Humanas de Viena.

EUA em baixa

Juerg Steffen, CEO da Henley & Partners, destaca o crescimento constante na migração de milionários na última década, com números globais para 2023 e 2024 estimados em 122 mil e 128 mil, respectivamente.

Ele afirma que as tendências de migração de riqueza parecem “destinadas a reverter para os padrões pré-pandêmicos neste ano”, com a Austrália novamente como principal destino, algo que havia acontecido nos cinco anos anteriores ao surto de Covid-19. As “exceções notáveis”, diz, ​​são os antigos “ímãs de riqueza” Reino Unido e EUA, que agora vivem situação menos favorável.

No caso dos norte-americanos, o especialista em investimentos Jeff D. Opdyke aponta inclusive a possibilidade de que o país em breve siga o caminho do Reino Unido, que antes atraía muitos milionários e hoje sofre com o êxodo.

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