Um casal de ativistas pró-Rússia na Alemanha, que organizou protestos no país em 2022 exigindo que Berlim cessasse o apoio à Ucrânia na guerra provocada por Moscou, doou dinheiro ao exército russo para viabilizar a compra de equipamentos de rádio para auxiliar as forças invasoras no front, violando sanções. Como consequência, poderão ser condenados pela Justiça alemã. As informações são da agência Reuters.
Elena Kolbasnikova e Max Schlund entregaram 500 euros a um oficial para a compra de walkie-talkies, rádios, fones de ouvido e telefones. A dupla pode pegar até cinco anos de prisão sob a lei alemã devido à proibição da União Europeia (UE) de fornecer ou financiar a compra de equipamentos militares para os russos, determinação imposta em fevereiro do ano passado.
De acordo com a reportagem, o casal mantém laços com o Kremlin e grupos de extrema-direita russos. Elena inclusive coordenou uma manifestação na cidade de Colônia, no oeste do país, em setembro do ano passado, reivindicando que a Alemanha cortasse os laços com Kiev e retirasse as sanções contra a Rússia.
Elena e Max ainda viajaram a Moscou com passagens aéreas custeadas pela Rossotrudnichestvo, uma agência cultural russa com sede na Alemanha, onde assistiram a um discurso do presidente Vladimir Putin. Em resposta, promotores alemães iniciaram uma investigação no escritório da agência em Berlim.
Novas evidências indicam que o casal está mais engajado na chamada “operação militar especial” do Kremlin em território ucraniano do que aparentava. A reportagem teve acesso a uma mensagem enviada em outubro a um grupo pró-Moscou de WhatsApp, na qual Elena comunicou a doação em dinheiro: “Transferimos 500 euros para a 42ª Divisão de Fuzileiros Motorizados da Federação Russa para comprar rádios, fones de ouvido e telefones”, escreveu.
A quantia em dinheiro, que segundo o casal foi angariada a partir de doações feitas por apoiadores, foi entregue ao oficial russo Dmitry Tkachev em Rostov-on-Don, uma cidade no sul da Rússia. O militar contou que recebeu os 500 euros enquanto estava em trânsito para Donbass, região no leste da Ucrânia onde estão as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Seguindo ordens do seu comandante, o equipamento foi comprado e enviado para a divisão.
Um regulamento da UE datado de 25 de fevereiro de 2022 proíbe o “fornecimento ou o financiamento” da compra de certos bens para os militares russos. A lista inclui “equipamentos de rádio, como transmissores, receptores e transceptores. De acordo com a lei alemã, a pena para quem violar as sanções é de até cinco anos de prisão.