“Atores estatais chineses” foram responsáveis por um ataque cibernético que atingiu um órgão federal da Alemanha em 2021, expondo informações confidenciais relacionadas à infraestrutura crítica do país. Essa é a conclusão de uma investigação conduzida pelo governo alemão ao longo dos últimos três anos, segundo relata o jornal Financial Times.
“Este ataque cibernético sério a uma autoridade federal mostra quão grande é o perigo representado pelos ataques cibernéticos e espionagem chineses”, disse ministra do Interior alemã, Nancy Faeser. “Esses ataques cibernéticos ameaçam a soberania digital da Alemanha e da Europa.”

Após a divulgação das conclusões da investigação, o governo convocou o embaixador da China na Alemanha para dar explicações, condenando o ataque cibernético “nos termos mais fortes possíveis.”
Dois grupos de hackers, APT15 e APT31, foram identificados como autores do ataque, que atingiu os sistemas do Escritório Federal de Cartografia e Geodésia (BKG, na sigla em alemão). Os autores são considerados criminosos digitais sofisticados que atuam a serviço do Ministério da Segurança do Estado chinês.
A entidade atingida, por sua vez, é responsável por coletar dados sobre “as propriedades e a posição de cada ponto na superfície do país”. A invasão pode conceder à China informações cruciais sobre a infraestrutura crítica alemã, úteis para eventualmente comprometer seu funcionamento em caso de conflito.
De acordo com as autoridades alemãs, os invasores foram devidamente contidos após a constatação do ataque, e os sistemas da BKG agora são considerados seguros.
Chineses fora da rede 5G
Preocupada com a possibilidade de espionagem digital chinesa, a Alemanha havia anunciado em julho que componentes produzidos pelas empresas Huawei e ZTE, da China, serão gradualmente excluídos da rede 5G do país.
Faeser afirmou no mês passado que o governo alemão antecipou os prazos, estabelecendo que os componentes da rede central sejam excluídos até o final de 2026, não até o final de 2025, como vinha sendo cogitado. Uma segunda etapa do processo, esta com prazo até 2029, prevê também a retirada de itens integrados às redes de acesso de rádio (RAN, na sigla em inglês).
A União Europeia (UE) vem pressionando seus membros há mais de um ano para que abandonem a tecnologia chinesa. Em junho de 2023, a Comissão Europeia afirmou que “a Huawei e a ZTE representam, de fato, riscos materialmente mais elevados do que outros fornecedores de 5G.”